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HOMENAGEM

Lula homenageia Eunice Paiva com Ordem de Rio Branco por sua luta contra a ditadura

Advogada é lembrada como símbolo

Da Redação

Quarta - 28/05/2025 às 09:30



Foto: Divulgação Fernanda Torres em cena de ‘Ainda estou aqui’ e Eunice Paiva, recebendo o atestado de óbito do marido
Fernanda Torres em cena de ‘Ainda estou aqui’ e Eunice Paiva, recebendo o atestado de óbito do marido

Em um gesto simbólico que reforça o compromisso com a preservação da memória e da verdade histórica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu, postumamente, a Ordem de Rio Branco à advogada Eunice Paiva (1929-2018). A homenagem foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (28), conforme informação do g1.

A condecoração, no grau de comendeador, reconhece a importância da trajetória de Eunice, que se destacou como uma das principais vozes na luta dos familiares das vítimas da ditadura militar (1964-1985), especialmente após o desaparecimento forçado de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva. Ele foi sequestrado, torturado e assassinado por agentes do regime em 1971.

Eunice demonstrou uma coragem notável ao criar sozinha seus cinco filhos enquanto buscava justiça e reparação pelos crimes cometidos. Sua dor transformou-se em militância, tornando-a um símbolo de resistência, cujo legado impactou gerações.

A história da família Paiva foi imortalizada no livro "Ainda Estou Aqui", escrito por seu filho, o dramaturgo e autor Marcelo Rubens Paiva, lançado em 2015. O livro teve uma adaptação cinematográfica, também chamada "Ainda Estou Aqui", que quebrou barreiras ao conquistar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, um feito inédito para uma produção brasileira. O filme não só ampliou a visibilidade da história de Eunice, mas também reabriu o debate sobre os crimes cometidos durante a ditadura militar.

Graduada inicialmente em Letras, Eunice decidiu estudar Direito após o desaparecimento de seu marido. Especializou-se em direito indígena e prestou consultoria para várias instituições, como o governo federal, o Banco Mundial e as Nações Unidas. Sua atuação jurídica foi marcada pela combinação de técnica e sensibilidade, sempre voltada para a justiça social.

Eunice Paiva faleceu em 12 de dezembro de 2018, aos 86 anos, após uma longa luta contra o Mal de Alzheimer. No entanto, seu legado permanece vivo na luta contínua das famílias das vítimas da ditadura e na memória coletiva da democracia brasileira.

A Ordem de Rio Branco, criada em 1963, é uma das mais altas honrarias concedidas pelo Itamaraty. Ela é destinada a reconhecer cidadãos, estrangeiros e instituições com méritos excepcionais. A ordem é dividida em cinco classes: grã-cruz, grande oficial, comendador, oficial e cavaleiro. Também possui dois quadros: o ordinário, para diplomatas ativos, e o suplementar, para diplomatas aposentados, cidadãos e entidades nacionais ou internacionais.

A escolha de Eunice Paiva para receber essa honraria simboliza o reconhecimento de sua luta pela memória histórica e sua contribuição à construção da democracia no Brasil, além de prestar uma homenagem a todas as famílias que sofreram com os crimes do regime militar.

Fonte: Brasil 247

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