
O professor Charles Silveira se afastou temporariamente do comando da Fundação Municipal de Saúde (FMS) nesta quinta-feira (29), em meio a uma das piores crises no setor em Teresina. Esta é a segunda vez em menos de cinco meses que ele deixa o cargo durante a gestão do prefeito Silvio Mendes (União Brasil). A primeira foi dia 19 de fevereiro, pouco mais de um mês e meio após a posse. Desta vez, as especulações indicam que ele não deve retornar à presidência da FMS.
O médico Francisco das Chagas de Sá e Pádua, atual diretor de Planejamento da FMS ex-presidente na gestão de Firmino Filho, foi designado como interino. A portaria foi publicada no Diário Oficial do Município nesta quarta-feira (28).
Pressão e falta de recursos
Charles Silveira vinha sendo alvo de críticas constantes devido à escassez de medicamentos e insumos básicos em hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital. Segundo um vereador da base aliada do prefeito, que preferiu não se identificar, a situação é insustentável.
"Ele tem alegado problemas pessoais para se afastar, mas não é só isso. A pressão é grande, e ele tem poucos recursos para sanar os problemas da saúde de Teresina. E tem mais: se fosse só problemas pessoais não tinha necessidade de afastamento com publicação no Diário Oficial do Município para um período tão curto, cinco dias, bastava uma licença do cargo", diz o vereador.
O parlamentar citou o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) como um dos maiores desafios: "É muito caro manter o hospital de portas abertas para todos os municípios do Piauí e de outros estados. Mesmo com ajuda do governo estadual e do SUS, os recursos são pequenos para a grande e crescente demanda", explicou.
Temperamento ameno e firmeza nas decisões
Conhecido por seu perfil técnico e temperamento tranquilo, Charles Silveira também demonstrou firmeza em decisões administrativas. Fontes próximas à FMS revelaram que ele não aceitava pressões políticas para nomeações em UBS e na própria fundação.
"Charles não aguenta mais a pressão e teve discussões sérias porque não aceita interferência política na gestão. Vereadores da base do prefeito querem cargos, mas ele resiste a isso"*, disse uma fonte ao portal Piauí Hoje.
Além disso, a gestão de Silvio Mendes é criticada por lentidão e falta de inovação. Sem novas lideranças ou tecnologias, a saúde municipal continua "patinando", sem avanços concretos.
FMS afirma que afastamento é temporário, mas retorno é improvável
Em nota, a FMS informou que Charles Silveira se ausentaria de 29 de maio a 3 de junho para tratar de assuntos pessoais, sem ônus para a fundação. No entanto, circula na Prefeitura que ele não reassumirá o cargo, e o prefeito já busca um substituto definitivo.
A saúde em Teresina enfrenta problemas históricos e a saída de Charles Silveira reflete a falta de solução estrutural na gestão municipal. Seu possível fim na FMS marca mais um capítulo de instabilidade e pressão política em um setor que demanda urgentemente mudanças eficientes.
Interino
Enquanto isso, o interino Francisco Pádua assume em um momento crítico, com desafios como:
- - Falta crônica de medicamentos e insumos básicos;
- - Sobrecarga no HUT;
- - Pressão política por cargos.
