
Nos últimos 15 dias, duas crianças que moravam na Ocupação Mirante do Uruguai, na zona Leste de Teresina, faleceram após apresentarem sintomas típicos da dengue. Ana Clara Carvalho, de 6 anos, e Ayla Bendita Monteiro, de 3 anos, passaram por internações e tratamentos, mas infelizmente não resistiram.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) está investigando as causas das mortes. No caso de Ana Clara, a criança foi internada entre fevereiro e março com sintomas como vômitos, sonolência e dores de cabeça. A mãe relatou que, após passar por diversos exames, os médicos suspeitaram que a causa fosse dengue, já que Ana Clara também apresentou sangramento nasal. No entanto, os testes iniciais não confirmaram a doença, e a encefalite viral foi sugerida como possível diagnóstico. Exames mais detalhados foram enviados ao Instituto Evandro Chagas, e os resultados devem sair em até 60 dias.
Por outro lado, Ayla foi levada à UPA do Satélite com febre alta e manchas no corpo. A médica da unidade suspeitou de dengue, mas a criança não resistiu e faleceu rapidamente, no dia 6 de abril. A morte de Ayla foi registrada como gastroenterite e sepse (infecção generalizada). Ambos os casos estão sendo analisados, mas ainda não foi confirmada a relação direta com a dengue.
As duas meninas viviam em áreas próximas e em uma região onde o ambiente favorece o crescimento do mosquito transmissor da doença, com muitos terrenos baldios e lama. Essa situação pode ter contribuído para a maior circulação do vetor da dengue.
A FMS reforçou que os exames realizados até agora não confirmaram a dengue como causa das mortes, mas continuam investigando. Se essas mortes forem realmente relacionadas à dengue, elas seriam as segunda e terceira vítimas da doença em Teresina este ano. Em março, outro óbito, de uma menina de 12 anos, foi confirmado em Floriano, somando uma morte por dengue no estado.
O estado enfrenta uma situação preocupante, com 2.459 casos suspeitos de dengue e 1.666 confirmados. A cidade de Teresina tem 1.071 casos suspeitos e segue monitorando novos casos, com 61 investigações em andamento. A FMS pede à população que continue tomando cuidados para evitar a proliferação do mosquito e colaborar com o combate à doença.
Confira a nota da FMS na íntegra:
Nota de esclarecimento
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) esclarece que está investigando a causa da morte de uma criança vitimada por “encefalite viral” e que esteve internada no Hospital de Urgência de Teresina, entre fevereiro e março do corrente ano.
Os exames preliminares realizados no Laboratório Central de Saúde Pública do Piauí (LACEN-PI) mostraram positividade/reatividade para vários vírus distintos, constantes no painel de investigação laboratorial de rotina implementado pelo Serviço de Vigilância em Saúde da FMS, em 2013.
Essa situação configura o que denominamos “reações cruzadas” entre os testes baseados na detecção de anticorpos contra vários vírus, provavelmente por hiperativação do sistema imunológico frente a um adoecimento grave.
Dessa forma, não é possível ainda afirmar que a inflamação do cérebro e, portanto, que a morte da criança tenha sido causada por dengue.
Todos os exames que podem trazer certeza ao diagnóstico de uma infecção (baseados na técnica RT-PCR, em que se detecta o material genético do vírus) realizados no LACEN mostraram-se negativos. Entretanto, amostras de sangue, de urina e do líquido cefalorraquidiano da criança foram encaminhadas ao Instituto Evandro Chagas – laboratório de referência do Ministério da Saúde para diagnóstico de infecções por arbovírus.
No referido instituto, exames mais aprofundados poderão esclarecer qual a real causa da morte da criança. O prazo estimado para liberação desses exames é de 60 dias.
Já quanto ao óbito de uma outra criança, em tese, vizinha da que sofreu encefalite, ressalta-se que o caso foi analisado pelo Serviço de Verificação de Óbito de Teresina, concluindo-se, no atestado de óbito emitido pelo médico patologista por gastroenterite e sepse (infecção generalizada) como causas da morte.