Política

INVESTIGAÇÃO

​Ex-diretor da PRF admite operação nas eleições, mas nega foco no Nordeste

Djairlon Moura disse que blitze foram nacionais e partiram de pedido da cúpula da PRF

Da Redação com informações do Brasil 247

Terça - 27/05/2025 às 11:47



Foto: Reprodução/Redes sociais Ex-diretor da PRF, Djairlon Moura admite ao STF ter autorizado operação com bloqueios em 2022
Ex-diretor da PRF, Djairlon Moura admite ao STF ter autorizado operação com bloqueios em 2022

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu nesta terça-feira (27) uma das testemunhas mais aguardadas no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022: o ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura. Ele confirmou a realização de blitze em rodovias durante o segundo turno da disputa presidencial, mas negou que a corporação tenha atuado com direcionamento regional, especialmente contra eleitores do Nordeste.

"De forma alguma \[houve direcionamento]", afirmou Moura. Segundo ele, a operação foi solicitada pela Secretaria de Operações Integradas em reunião no Ministério da Justiça e visava fiscalizar o transporte de eleitores e recursos financeiros saindo de regiões como São Paulo e Centro-Oeste em direção ao Nordeste, já investigados pela Polícia Federal.

“Foi solicitada a realização de uma operação antes da eleição dos ônibus que saíssem de SP e da região Centro-Oeste com destino ao Nordeste com votantes e recursos financeiros que já estavam em investigação pela PF”, declarou. Moura também minimizou o impacto das ações nas rodovias. “Em mais de 60% dos veículos, não demorou mais de 15 minutos”, garantiu.

A justificativa, no entanto, foi alvo de questionamentos do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. “Há algumas contradições. Ele disse que o pedido foi para o país todo, mas há uma testemunha que disse que ele solicitou um apoio específico”, apontou Moraes. Moura respondeu dizendo que não participou da reunião mencionada pela outra testemunha, mas confirmou que a ordem para a operação partiu de Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF.

Segundo o ex-diretor, a operação foi montada entre os dias 21 e 27 de outubro, poucos dias antes do segundo turno, com o objetivo de coibir o transporte irregular de pessoas e valores, o que poderia configurar crime eleitoral. O depoente foi arrolado pela defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também investigado no inquérito, e que responde por participação na tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Bloqueios autorizados por Djairlon Moura miraram ônibus e vans durante o segundo turno de 2022 - Reprodução/PRF

Além de Moura, o STF ouviu nesta terça outras testemunhas de defesa de Torres, entre elas delegados da Polícia Federal, da Polícia Civil do Distrito Federal e um ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Um dos relatos mais relevantes foi o de Saulo Moura da Cunha, ex-diretor adjunto da Abin. Ele afirmou ter alertado, entre os dias 2 e 8 de janeiro de 2023, sobre movimentações de grupos organizados rumo à capital federal. “Destaca-se a convocação por parte de organizadores de caravanas para o deslocamento de manifestantes, com acesso a armas e intenção manifesta de invadir o Congresso Nacional”, disse. “Outros edifícios na Esplanada dos Ministérios também poderiam ser alvo de ações violentas. Esse alerta foi emitido.”

Trama Golpista

A audiência de testemunhas ocorre na investigação sobre a trama golpista que teria sido articulada por Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente em 2022. Bolsonaro e outras 33 pessoas já foram denunciadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

As oitivas foram divididas em dois turnos, com início às 8h e previsão de continuação à tarde. Entre os convocados estão também o ex-ministro da Educação Victor Godoy, o ex-diretor da PF Márcio Nunes e a coronel da PMDF Cíntia Queiroz, ex-integrante da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

Fonte: Brasil 247

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia:

<