
Quatro jatinhos avaliados em pelo menos R$ 60,4 milhões estariam ligados ao presidente do União Brasil, Antônio Rueda, segundo registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) obtidos pelo portal Metrópoles. O dirigente partidário é citado nas apurações da Operação Tank, desdobramento da Operação Carbono Oculto, que investiga a infiltração da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) em setores estratégicos como combustíveis e finanças.
Embora não apareçam formalmente em seu nome, as aeronaves estão registradas em empresas e sócios apontados como ligados a Rueda. Entre eles está o contador Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, de 37 anos, natural de Fortaleza e residente em São Paulo, responsável por companhias que figuram como proprietárias de parte dos aviões.
Negócios em nome de terceiros
Um dos destaques é um Cessna 560 XL, avaliado em R$ 12,5 milhões, transferido em março para a Magic Aviation, presidida por Queiroz. Ele também dirige a Bariloche Participações S.A., empresa com capital social de R$ 110 milhões e sócios do ramo de mineração.
Outra aeronave, o Gulfstream PS-MRL, foi adquirida em abril de 2025 por cerca de R$ 21,2 milhões e registrada em nome da Rovaniemi Participações S.A., também ligada a Queiroz, embora a companhia declare capital social de apenas R$ 100. Nos registros da Receita Federal, ele aparece como sócio ou dirigente de pelo menos 15 empresas.
Além delas, constam ainda um Raytheon R390 (PR-JRR), avaliado em R$ 13 milhões, e um Cessna Citation J2 (PT-FTC), vendido em 2023 por R$ 13,7 milhões a uma empresa cujos responsáveis negaram conhecimento da negociação.
Operação de táxi aéreo e suspeitas de ligação com o PCC
De acordo com o Metrópoles, todas as aeronaves atribuídas a Rueda são operadas pela Transportes Aéreos Piracicaba (TAP). A empresa já havia sido usada pelo empresário Roberto Augusto Leme, o “Beto Louco”, investigado por tráfico e supostas conexões com o PCC.
Em depoimento, o piloto Mauro Caputti Mattosinho, que trabalhou na TAP, relatou que o dono da companhia, Epaminondas Chenu, mencionava Rueda como o líder de um grupo “com muito dinheiro para gastar” na compra de aviões.
O que dizem os citados
Rueda negou qualquer relação com as aeronaves ou com os fatos investigados. “Meu nome foi suscitado em um contexto absolutamente infundado”, declarou, afirmando que tomará medidas judiciais para proteger sua imagem. O Metrópoles também tentou contato com Bruno Queiroz, mas não obteve retorno.
A Polícia Federal avalia a abertura de um inquérito específico para apurar a eventual participação do presidente do União Brasil, caso surjam novas evidências.