O promotor de Justiça Mário Normando afirmou, em entrevista nesta terça-feira (25), que testemunhas ouvidas no segundo dia da audiência de instrução da vereadora Tatiana Medeiros confessaram ter vendido votos. A vereadora é acusada de crime eleitoral. O promotor ressaltou que as provas indicam que a estrutura financeira da facção criminosa Bonde dos 40 teria sido utilizada para financiar a compra de votos nas eleições municipais.
Normando detalhou que a investigação encontrou evidências concretas que ligam o financiamento de campanha a transações ilegais. "Durante a operação da Polícia Federal, foram apreendidas em uma fundação ligada à vereadora centenas de fichas de cadastro contendo nomes de eleitores, a quantidade de votos prometidos, valores de pagamentos e registros de PIX".
O afastamento do sigilo bancário confirmou depósitos feitos na véspera da eleição para pessoas listadas nos documentos apreendidos e "havia casos em que o eleitor precisava mandar foto da urna, da fila, do local de votação. É uma prova extremamente robusta," pontuou o promotor.
O Ministério Público também reforçou que as provas indicam a atuação do réu, namorado da vereadora, Alandilson Passos, seria um operador financeiro da facção. "A relação do senhor Alandilson com o Bonde dos 40 é de um braço financeiro. Ele seria uma espécie de operador financeiro, e isso está comprovado documentalmente nos autos, com dezenas de pessoas notadamente ligadas à organização criminosa," afirmou o promotor, citando registros bancários e transações.
As oitivas da audiência de instrução seguem até a próxima sexta-feira (28), quando será realizado o interrogatório dos réus. O promotor Mário Normando avaliou a condução dos trabalhos pela magistrada como "muito tranquila," sem "qualquer entrevero entre defesa e Ministério Público."