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ARTIGO

Bolsonaro e a tornozeleira: surto ou indisciplina?

Do ponto de vista jurídico, o episódio configura descumprimento de medida cautelar, fundamento suficiente para a decretação da prisão preventiva

Júlio César Cardoso

Terça - 25/11/2025 às 18:52



Foto: Metrópoles Jair Bolsonaro tentou violar a tornozeleira eletrônica com máquina de solda
Jair Bolsonaro tentou violar a tornozeleira eletrônica com máquina de solda

A confissão de Jair Bolsonaro de ter danificado sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda não pode ser reduzida a um "ato maluco" ou a um surto momentâneo. Trata-se de uma violação consciente de ordem judicial, em plena prisão domiciliar, que expõe sua postura reiterada de confronto com as instituições. Isso reforça a percepção pública de seu instinto indisciplinar golpista para quem ainda tinha dúvida, que remonta ao seu período militar, em que era conhecido na caserna com o epíteto de "Cavalão". 

As declarações inconsequentes de seus filhos, externas e internas, têm contribuído para a prisão de Bolsonaro. Por exemplo, conforme registrado em vídeo, o senador Flávio Bolsonaro, com falsa narrativa de que o país está escravizado, convocou incautos correligionários a fazer vigília e orações nas proximidades da casa de Bolsonaro, com objetivos escusos. 

Do ponto de vista jurídico, o episódio configura descumprimento de medida cautelar, fundamento suficiente para a decretação da prisão preventiva pelo ministro Alexandre de Moraes. Não é curiosidade ou excentricidade: é desobediência deliberada. 

Politicamente, o gesto reforça a imagem de indisciplina que acompanha Bolsonaro desde a caserna e que se projeta em sua atuação pública. Ao desafiar sistematicamente decisões judiciais, mina qualquer argumento de credibilidade perante o STF e agrava sua situação legal. 

Em resumo, a tornozeleira não foi apenas um objeto danificado: tornou-se símbolo de uma conduta que afronta a Justiça e confirma a disposição de Bolsonaro em tensionar os limites institucionais. Como ironizou a voz popular: "Depois de Jesus da Goiabeira, agora as vozes da tornozeleira". 

Júlio César Cardoso

Servidor federal aposentado

Balneário Camboriú-SC

Redação

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