
A estudante Ana Beatryz, de 20 anos, enfrenta dificuldades para continuar seus estudos no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Ela ingressou na instituição no dia 10 de março, após ser aprovada no SISU, tornando-se a primeira aluna surda do curso. No entanto, desde o início, Ana enfrentou a falta de acessibilidade na universidade, o que resultou na interrupção temporária de sua caminhada acadêmica.
Sem um intérprete de Libras fornecido pela UFPI, a estudante, com o apoio de sua mãe e colegas, conseguiu arcar com o custo de intérpretes voluntários, organizando uma vaquinha. No entanto, devido à falta de recursos financeiros para continuar pagando os profissionais, Ana teve que se afastar das aulas. Em suas redes sociais, a jovem compartilhou a situação e desabafou sobre a impossibilidade de arcar com os custos.
A mãe de Ana, Maria Aparecida, explicou que a filha ingressou na universidade com a cota para pessoas com deficiência e que, desde o início, foi informada sobre a condição de acessibilidade da estudante. Ela também relatou que, durante a realização do ENEM, a jovem teve o suporte necessário. Agora, no entanto, o grande desafio é garantir que Ana retorne à sala de aula, já que o processo de contratação de intérpretes continua em andamento, sem um prazo definido.
A UFPI, em resposta, esclareceu que a contratação de intérpretes por concurso público está suspensa devido a uma decisão do governo anterior, o que dificulta a ampliação e reposição desses profissionais na instituição. A universidade afirmou que, apesar dessa limitação, tem tomado medidas emergenciais. A Superintendência de Recursos Humanos está providenciando a contratação temporária de um intérprete, enquanto a FADEX está em processo de seleção de outro profissional. Além disso, a UFPI está selecionando um estagiário do curso de Letras-Libras para apoiar a estudante.
A instituição reafirmou seu compromisso com a inclusão e acessibilidade, mas destacou que está limitada pelas normativas legais que regem o serviço público federal. Embora as soluções emergenciais já estejam sendo discutidas com a família e a coordenação do curso, a situação ainda gera insegurança para a estudante e seus familiares, que aguardam a solução definitiva para que Ana possa dar continuidade aos seus estudos.
A mãe de Ana ainda expressou a dor de ver a filha distante da universidade e reafirmou a luta pela acessibilidade. Para ela, a educação de Ana não pode ser interrompida por questões de responsabilidade da instituição e do poder público. "Ela tem direito de estudar como qualquer outro aluno. O mundo precisa se adaptar a ela", disse Maria Aparecida.