
Tomando emprestado o título do livro do Gabeira, indago à companheirada do PT piauiense que loucura é essa, já manifestada, publicamente, por alguns, de votar na reeleição de Ciro Nogueira ao senado federal em 2026? Preocupa, ainda mais, por vir de lideranças do partido que exercem, atualmente, cargos em vários níveis dos poderes legislativo e executivo – vereadores, deputados, prefeitos e secretários. Sem falar também de muita gente das agremiações da chamada base aliada. Não sabem elas, por acaso, que Ciro faz parte hoje do time adversário? Sendo bastante claro: que é oposição ferrenha tanto ao presidente Lula, no plano nacional, quanto ao governador Rafael, em nível estadual.
Não é preciso ser expert para saber que, dada a polarização ideológica no país, o pleito eleitoral do próximo ano será disputadíssimo. Em jogo, dois projetos antagônicos – um que defende a democracia e a soberania nacional, liderado por Lula; o outro, de matriz autoritária e entreguista, capitaneado por Bolsonaro ou por quem ele indicar. Logo, ficará difícil acender, segundo o ditado popular, uma vela a Deus e outra ao diabo. Embora, tecnicamente, seja plausível: votar em candidatos de siglas distintas. Afinal, duas vagas estarão disponíveis. Do ponto de vista partidário, a história é diferente, por ferir, ética e moralmente, as decisões coletivas. O recomendável é, portanto, eleger candidatos afinados, de ponta a ponta, com o time do povo.
Não bastasse isso, deixam claro que eleger-se em 2026 se pauta em interesses pessoais. Para tanto, os futuros candidatos precisam de estrutura (leia-se dinheiro) a fim de bancar a campanha eleitoral. Quanto aos que já se elegeram em 2024, esses dizem que, como forma de retribuição pelo “apoio” recebido, irão não só votar como trabalhar pela reeleição do senador. Pouco importando, aliás, a origem dos recursos liberados por ele, seu alinhamento com a extrema direita, a negação da tentativa do golpe e o posicionamento contra as propostas econômicas do governo Lula. Para essas lideranças do PT, bem como de partidos aliados, não há contradição em votar no Ciro Nogueira e no Marcelo Castro. Ou, então, no Ciro Nogueira e no Júlio César. É apenas um voto, sem grandes consequências. Será mesmo?
Mal sabem elas que o inelegível e a sua trupe vão priorizar em 2026, como estratégia política, a eleição de uma grande bancada de senadores com o propósito de ter em suas mãos, entre outras coisas, o poder de destituir ministros do STF. Além de eleger Lula, Rafael, os dois senadores, a maioria de deputados (estaduais e federais), temos o dever, enquanto militantes petistas, de derrotar o senador bolsonarista e traidor da ex-presidenta Dilma Rousseff. Assim, a vitória eleitoral seria completa: barba, cabelo e bigode. Um deles já despachamos, o Elmano Férrer, que não conseguiu, na eleição municipal, sequer se eleger vereador de Teresina. Nosso povo não perdoa traidores e quem cospe no próprio prato. A vez do Ciro Nogueira, pra felicidade geral dos piauienses, está chegando.
