
O Brasil comunicou oficialmente à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) que erradicou o foco de gripe aviária detectado em uma granja comercial no município de Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS). A notificação foi feita após a conclusão da política de erradicação prevista no Plano Nacional de Contingência para Influenza Aviária, com todas as ações sanitárias finalizadas no último dia 21 de maio.
De acordo com o relatório enviado à OMSA, não foram identificados novos casos da doença durante a investigação epidemiológica conduzida pelo Serviço Veterinário Oficial, que atuou em duas áreas de vigilância: uma perifocal, num raio de 3 km ao redor do surto, e outra de vigilância ampliada, com 10 km de alcance.
O Ministério da Agricultura também informou que a análise genética do vírus confirma a relação com cepas já encontradas em aves silvestres infectadas na América do Sul. “O sequenciamento completo do genoma detectou alta identidade com cepas previamente isoladas na América do Sul, e similaridade de 98,21% a 99,79% quando comparado com as sequências de aves silvestres relatadas”, declarou o governo brasileiro à OMSA.
Ainda segundo o ministério, não foram observadas mutações relevantes de resistência antiviral. “A genotipagem revelou que as amostras apresentam genótipos semelhantes aos previamente identificados em aves silvestres no Brasil”, acrescentou. Apesar disso, foi detectada “a presença de mutações indicando potencial adaptação a mamíferos, como já havia sido identificado nas sequências analisadas em evento anterior”.
Com a erradicação do foco, o status sanitário foi alterado de “ocorre no país” para “ocorre na zona”, conforme os critérios da OMSA. O evento sanitário, iniciado em 12 de maio, envolveu o vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1). Ao todo, 17.025 aves morreram ou foram sacrificadas.
Entre as medidas adotadas no local, o Ministério da Agricultura destacou a desinfecção da área, descarte oficial de carcaças, subprodutos e resíduos, rastreabilidade, controle da movimentação de produtos e abate sanitário. “Desde o início da investigação do Serviço Veterinário Oficial, o local foi colocado em quarentena, incluindo a suspensão da movimentação de aves e produtos”, esclareceu o ministério.
Essa foi a primeira vez que a gripe aviária foi confirmada em uma granja comercial no Brasil. O caso ocorreu em um matrizeiro, granja voltada à produção de ovos férteis, o que acendeu o alerta nas autoridades sanitárias nacionais e estaduais. Com a desinfecção completa, o Brasil entra agora no chamado vazio sanitário de 28 dias, necessário para recuperar o status de país livre da doença, caso não haja novos registros.
Piauí
Enquanto o foco no Sul foi contido, o Piauí se mobilizou preventivamente. Nessa segunda-feira (26), o governo estadual publicou decreto no Diário Oficial declarando estado de emergência zoossanitária em todo o território, como medida de precaução diante da detecção do vírus H5N1 em aves silvestres em diferentes partes do Brasil.
Segundo o governo piauiense, a decisão permite a mobilização de todos os órgãos estaduais e substitui um decreto anterior, em vigor até 4 de maio. A Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Piauí (Adapi) será responsável por editar normas complementares para garantir a execução das medidas.
“As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população”, ressaltou o comunicado.