
O vereador de Várzea Alegre (CE), Maiko de Morais da Costa, conhecido como Maiko do Chapéu (sem partido), voltou ao seu cargo na Câmara Municipal após cumprir 60 dias de afastamento determinado pela Comissão de Ética. Maiko é réu em um processo por agressão, tortura e ameaça de morte contra sua ex-companheira, a fisioterapeuta Suânia Dias.
O processo criminal contra o vereador está em segredo de Justiça e ainda não foi julgado. Maiko foi desfiliado do MDB, partido pelo qual foi reeleito em outubro de 2024. Ele não se manifestou quando procurado pela reportagem, nem sobre seu retorno ao cargo, nem sobre as acusações.
O retorno do vereador gerou grande revolta nas redes sociais. Suânia compartilhou em suas redes sociais nessa quarta-feira (2), os detalhes das agressões que sofreu e fez um apelo por Justiça. "Não é fácil reviver a dor, mas é necessário, porque o silêncio nunca me protegeu", disse ela.
Segundo Suânia, as agressões aconteceram em 17 de dezembro de 2024, logo após o fim do relacionamento. Ela explicou que Maiko a procurou dizendo que queria mostrar seu diploma de vereador recém-recebido. "Ele pediu para não contar para ninguém que estava lá e disse que iríamos comemorar. Foi quando ele preparou uma dose de bebida e, na segunda, eu apaguei", contou.
Quando acordou, Suânia diz que Maiko estava mexendo no seu celular e a acusando de traição. Ele então teria começado uma série de agressões físicas e psicológicas. "Foram horas de tortura, minha roupa rasgada, faca nas minhas partes íntimas, socos e enforcamentos. Ele disse que, se eu não fosse dele, não seria de mais ninguém e que ia tirar minha vida e a dele logo em seguida", relatou.
Em um momento, Suânia conseguiu se trancar no banheiro e, ao ouvir Maiko sair para pegar uma faca maior, fugiu pela janela. Vizinhos a socorreram.
Suânia também apresentou um laudo médico, que confirmou queimaduras no peito, hematomas no braço e no rosto, além de inchaços e escoriações pelo corpo. "Depois disso, tive que tentar viver, ser mãe para meus filhos, tomar remédios para dormir e acordar, enquanto ele está solto, como se nada tivesse acontecido, e seguindo com o seu mandato. Eu quero Justiça! Por mim e por tantas mulheres que não tiveram chance de escapar", desabafou.
A presidente da Câmara de Várzea Alegre, Menésia Simião (PT), afirmou que a punição de 60 dias foi o máximo permitido pelo regimento interno. "O processo está em segredo, aguardando decisão judicial", explicou.
Menésia também falou sobre o retorno de Maiko, dizendo que foi um momento de "tristeza e sensação de dever cumprido". Ela ressaltou a necessidade de revisar o Código de Ética da Câmara, que, segundo ela, é muito brando. "É triste pela demora do caso, mas a Câmara fez o que podia, aplicando a pena prevista, que é fraca e precisa ser ajustada", concluiu.
Fonte: Brasil247