
Aos 28 anos, Teônia Pereira acumula 17 mil seguidores no Instagram comentando, em linguagem direta, os bastidores da política, as lutas sociais e o cotidiano de quem mora longe do centro de Teresina. Nascida em Teresina e criada em Campo Maior no interior, ela disse, em entrevista para o Podcast Piauí hoje, que vender espetinho aos nove anos foi a escola que a ensinou a falar com todo tipo de gente.
A universidade veio depois: formou-se em Letras pela UFPI em 2021, diploma dedicado à bisavó analfabeta que sonhava vê-la “de beca”. O salto para a internet aconteceu nos estúdios do podcast do jornalista Ieldyson Vasconcelos. Dos bastidores, passou para a câmera e nunca mais saiu. “Estudo muito antes de cada gravação. Ser mulher, nordestina e de esquerda incomoda, mas aprendi a ter cabeça fria”, conta.
Lulista desde cedo, filiou-se ao PT em 2019, após receber, por carta, um recado do ex-presidente Lula. Hoje defende abertamente a taxação dos super-ricos e cobra renovação dentro do partido: “As lideranças envelheceram e não abriram espaço. É hora de chutar a porta”, diz.
Ela elogia a gestão administrativa do governador Rafael Fonteles (PT), mas pede mais diálogo com as bases. “Quem tem mandato já fala todo dia. Falta ouvir quem faz política lá na ponta”, diz.
Entre produzir conteúdo, pensar em cursar Jornalismo e planejar casamento, Tônia não descarta candidatura futura. “Sou do projeto, não de vaidade. Se o partido precisar, estou pronta”, garante, ressaltando que, por enquanto, segue fazendo do celular um palanque. “A periferia tem muito a dizer. Minha missão é transformar essas vozes em pauta”.