O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a saída de Celso Sabino do Ministério do Turismo nesta quarta-feira. A troca acontece uma semana após Sabino ser expulso do União Brasil por desobedecer a ordem da legenda de deixar seu cargo no governo. Gustavo Feliciano, filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB), foi escolhido para ser o novo ministro. Feliciano deverá ter uma conversa com Lula para oficializar a ida para o comando do Turismo.
Sabino participou normalmente da reunião ministerial com Lula na manhã desta quarta-feira (17/12).
Integrantes do governo com assento no Palácio do Planalto dizem que a nomeação de Gustavo Feliciano é resultado do entendimento do governo com uma ala o União Brasil que se comprometeu a apoiar a reeleição de Lula no ano que vem.
Um integrante da executiva do União Brasil afirma que essa costura teve aval do presidente da legenda, Antônio Rueda, e confirma que foi articulada por um grupo de parlamentares da sigla que está mais alinhado ao governo federal. O partido tem 59 deputados, e esse grupo reúne cerca de 20 deles.
Um político próximo de Rueda diz que o partido já vinha costurando esse movimento nos últimos dias. Pai do novo ministro, Damião Feliciano integra a ala mais ligada ao governo dentro da sigla e atua como um dos vice-líderes do Planalto na Câmara.
Além disso, de acordo com um governista, há uma avaliação que ministros e integrantes do segundo escalão do governo deverão estar alinhados a Lula e votar no petista no próximo ano. Isso servirá para os partidos que se dizem independentes ou que ensaiam candidaturas presidenciais em 2026.
Um outro parlamentar que acompanhou as conversas diz que a escolha de Gustavo Feliciano também conta com o apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já que eles são aliados no estado.
Segundo auxiliares de Lula, a saída já estava no horizonte, e o presidente aguardava o fim da COP30 em Belém para fazer o anúncio. Sabino é deputado licenciado pelo Pará. O governo também aguardava a reunião ministerial desta quarta-feira. Celso Sabino participou do encontro junto com outros ministros na Granja do Torto, em Brasília.
A mudança no comando do Turismo não tem consenso no União Brasil. Parte dos membros do diretório nacional do União que haviam votado pela saída da sigla do governo Lula e pela expulsão de Sabino é contrária à indicação de um novo nome. Reservadamente, um dos vice-presidentes do partido diz que bancadas da sigla como as de São Paulo (que tem 12 deputados) e Goiás (quatro parlamentares) estão entre as contrárias.
O suposto aval de Rueda à indicação de Gustavo Feliciano é criticada reservadamente por membros da executiva do União. Reservadamente, um integrante da cúpula do diretório nacional diz que a mudança de postura de Rueda não tem sentido político e deve enfrentar questionamentos.
"O partido deve ter as suas razões para ter tomado essa decisão de se afastar do governo e deve ter suas razões também para agora buscar se aproximar do governo. O que importa é que o governo tenha governabilidade para que as suas pautas tenham mais segurança e possam, com muito diálogo e ponderação, serem aprovadas aqueles temas que são melhores para o povo brasileiro" afirmou Celso Sabino após o anúncio de sua saída.
O ex-ministro avaliou que a indicação do novo nome para o Turismo mostra que o União Brasil está tentando voltar para a base do governo:" Eu acho que essa indicação mostra que já voltou", afirmou.
Deputado federal pelo Pará, Sabino pretende concorrer a uma vaga no Senado com apoio de Lula. Atualmente sem partido, afirmou que está conversando com legendas e que a decisão será tomada em conjunto com o presidente.
"Estou conversando com algumas legendas partidárias. Essa decisão passa pela uma conversa com o presidente Lula, que a gente vem fazendo já há alguns dias. Eu imagino que até o fim de fevereiro a gente deve estar com essa posição partidária já definida para construir as chapas proporcionais e a majoritária do Estado do Pará", disse Sabino.
Quem é
Gustavo Costa Feliciano é filho da ex-vice-governadora da Paraíba Lígia Feliciano, que trocou o PDT pelo União Brasil em 2023, e do deputado federal Damião Feliciano (União-PB).
Gustavo foi secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba durante o primeiro governo de João Azevêdo. Assumiu logo no início do primeiro mandato e renunciou ao cargo em dezembro de 2021. Sua mãe, Lígia, rompeu com Azevêdo e não participou da coligação que reelegeu o governador da Paraíba em 2022. Antes de assumir o cargo na gestão estadual, Gustavo foi presidente do diretório municipal do PDT, sigla que abrigava a família no estado.
Natural de Campina Grande, Gustavo é formado em Direito e já foi diretor-presidente da União de Ensino Superior de Campina Grande (Unesc). Ele nunca ocupou cargo eletivo e tem um perfil no Instagram com 3 mil seguidores, e a última postagem é de 2021.
Ministro expulso da sigla
Em 8 de dezembro, o União Brasil formalizou a expulsão do ex-ministro do Turismo, Celso Sabino, da legenda. O partido confirmou o oficialmente cancelamento da filiação, diante da negativa de o ministro deixar a pasta. O União decidiu entregar os cargos no governo e decretou que seus quadros deveriam deixar os postos até 19 de setembro.
Sabino chegou a entregar uma carta de renúncia, mas atendeu a um pedido de Lula para permanecer durante a agenda da COP30, em Belém. A demora levou a direção do União a abrir um processo disciplinar.
Além de permanecer no ministério, o ministro surgiu em agendas ao lado de Lula, o que irritou a Executiva Nacional do União. Desde outubro, ele já estava afastado das decisões da legenda e foi destituído do comando do diretório regional do Pará.
A decisão de desembarque do governo ocorreu pouco depois da veiculação de notícias que associaram o presidente nacional do partido, Antônio de Rueda, a uma investigação sobre o crime organizado em São Paulo. Rueda nega qualquer irregularidade.
Aos veículos de imprensa, Rueda negou ser dono de aviões e repudiou "com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito".
Fonte: O Globo