Municípios

SECA NO PIAUÍ

Seca histórica: Piauí vai construir cisternas para garantir água no interior

Em entrevista ao Piauí Hoje, Sara Cardoso, climatologista da Semarh, detalha ações e fala sobre o impacto da seca em 126 municípios piauienses

Malu Barreto

Terça - 27/05/2025 às 15:26



Foto: Portal Piauí Hoje Sara Cardoso, climatologista da Semarh
Sara Cardoso, climatologista da Semarh

Diante da seca histórica que afeta 126 municípios do Piauí, a construção de cisternas se consolidou como a principal medida emergencial para reduzir os efeitos da estiagem sobre os pequenos produtores rurais. A estratégia, inspirada no modelo bem-sucedido do Ceará, busca garantir o acesso à água, especialmente em regiões onde os recursos superficiais já se esgotaram, foi anunciada por Sara Cardoso, climatologista da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), em entrevista ao Portal Piauí Hoje.

Conforme a especialista,  instalação de cisternas é uma solução eficaz e sustentável, sobretudo em áreas onde a água de poços tende a ser salobra, por conta das formações rochosas cristalinas. “O Ceará convive com a seca há muito tempo e utiliza com êxito as cisternas para garantir o abastecimento das populações rurais. Estamos replicando essa estratégia aqui, fortalecendo nossa capacidade de adaptação”, afirmou.

Como parte da resposta emergencial, o governo estadual criou a operação “Água é Vida”, que deverá atuar em até 60 municípios, priorizando os mais afetados. As ações incluem a construção de cisternas, perfuração de poços e o envio de carros-pipa, além de medidas administrativas para agilizar o enfrentamento da crise.

“Estamos acelerando processos de autorização para a perfuração de poços e reforçando a fiscalização do uso das águas superficiais, evitando desvios em pequenos riachos que ainda mantêm algum volume”, destacou Sara.

Apesar da existência de grandes reservatórios no estado, o acesso à água nem sempre é viável para os pequenos produtores, em razão da extensão territorial dos municípios e da distância entre os açudes e as comunidades rurais. “Isso exigiria mais investimentos em adutoras e canalizações. Nem sempre a água armazenada chega a quem mais precisa”, explicou a climatologista.

Produção agrícola e de mel foram afetadas; criadores de caprinos estão vendendo os animais

Sara Cardoso, climatologista da Semarh foi entrevistada no PodCast do Piauí Hoje (Foto: Piauí Hoje)
Os efeitos da seca já são evidentes. A produção agrícola de sequeiro — aquela que depende exclusivamente das chuvas — foi uma das mais afetadas, com prejuízos em cultivos tradicionais como milho, feijão e mandioca, inclusive em áreas do litoral, como Cajueiro da Praia, onde normalmente há maior disponibilidade hídrica.

No Sudeste piauiense, a produção de mel também sofreu perdas, com redução dos enxames e produtores vendendo caprinos, diante da dificuldade para manter a alimentação dos rebanhos e da alta prevista nos custos.

Sara ressaltou ainda a importância da adesão ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) da Defesa Civil Nacional, já realizada por 126 municípios, como condição essencial para garantir o apoio federal.

Ela acredita que as medidas adotadas pelo estado deverão apresentar resultados concretos ainda este ano. “Sabemos que a seca vai se intensificar, mas estamos mais preparados para enfrentá-la”, concluiu.

▸ Veja a entrevista completa com a climatologista Sara Cardoso no Piauí Hoje.


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