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IMIGRANTES

Casa Branca anuncia novas medidas para "proteger a fronteira" com o México

Ordem de Joe Biden impõe restrições ao asilo e facilita remoção de imigrantes em meio ao aumento de migração

Da Redação

Quarta - 05/06/2024 às 08:43



Foto: Go Nakamura/Reuters EUA anunciam ampliação do muro na fronteira com o México
EUA anunciam ampliação do muro na fronteira com o México

A Casa Branca anunciou novas medidas para "proteger a fronteira" americana com o México, nesta terça-feira (4). A ordem executiva emitida pelo presidente Joe Biden estabelece que pessoas que cruzarem ilegalmente a fronteira EUA-México não receberão asilo, mas isso só ocorrerá quando a fronteira sul estiver "sobrecarregada". A medida também facilita a remoção de indivíduos que estejam ilegalmente nos Estados Unidos.

Essas ações não são permanentes e serão aplicadas apenas quando o fluxo de migrantes for suficientemente alto para tornar as operações fronteiriças inseguras ou ineficazes. O aumento na migração na fronteira entre EUA e México ocorre num contexto de migração global recorde para países ricos. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 6,1 milhões de novos imigrantes permanentes mudaram-se para os 38 Estados membros da organização em 2022, um aumento de 26% em relação a 2021 e 14% superior ao de 2019.

Antonio Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte, destaca que qualquer ação de um presidente em campanha de reeleição, como Joe Biden, será vista sob a ótica da política de campanha. O anúncio de Biden sobre imigração, feito poucos meses antes das eleições de novembro e semanas antes do primeiro debate presidencial, não é diferente.

A decisão de Biden de impor novas restrições aos solicitantes de asilo parece ser uma tentativa de sua equipe de campanha de enfrentar o aumento de migrantes na fronteira EUA-México, equilibrando os riscos com os possíveis benefícios políticos. A medida foi rapidamente condenada por ativistas pró-imigração da esquerda e deve enfrentar desafios nos tribunais.

Embora as novas medidas não ganhem apoio dos republicanos, a equipe de Biden espera que elas ajudem a mitigar preocupações entre eleitores moderados. O cálculo é que, com Donald Trump, abertamente anti-imigração, como adversário, o flanco esquerdo de Biden acabará por apoiá-lo. Em uma eleição acirrada, conquistar até mesmo alguns eleitores intermediários pode ser decisivo.

A imigração é uma questão crítica para a reeleição de Biden. Junto com a economia, é uma das principais preocupações dos eleitores, que majoritariamente desaprovam a forma como Biden lida com o tema.

A mensagem de Trump como presidente, centrada na construção de um muro fronteiriço e aumento das deportações, criou a impressão de que os EUA estavam fechando suas fronteiras, especialmente com as manchetes sobre a separação de crianças de seus pais detidos. Sob Biden, tanto o tom quanto as políticas mudaram, com uma diminuição nas deportações e o fim de políticas de dissuasão, como a rápida remoção de migrantes para o México.

Durante a presidência de Biden, migrantes foram colocados em liberdade condicional nos EUA enquanto aguardam as audiências de imigração, um processo que pode levar anos. Muitos migrantes acreditaram que seria mais fácil entrar e permanecer nos EUA, e contrabandistas de pessoas, conhecidos como coiotes, incentivaram a urgência em atravessar a fronteira.

EUA anunciam ampliação do muro na fronteira com o México — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Alex Cuic, advogado de imigração e professor da Universidade Case Western Reserve, em Ohio, comentou que muitos migrantes acreditam que podem simplesmente entrar nos EUA. A ação de Biden, esperada há algum tempo, já havia sido parcialmente divulgada na semana anterior. A campanha de Trump já havia feito comentários antes do anúncio oficial.

Karoline Leavitt, secretária de imprensa da campanha de Trump, declarou que a ordem de Biden é "para anistia, não para segurança de fronteira". A declaração acusou o governo Biden de querer libertar os migrantes detidos "o mais rápido possível" e "dar luz verde" aos traficantes de seres humanos, e afirmou que Biden não quer realmente fechar a fronteira devido a compromissos com os "democratas radicais de esquerda". A declaração também descreveu os migrantes como criminosos violentos, um tema recorrente na campanha de Trump.

Esta é a segunda vez este ano que Trump e Biden se enfrentam sobre a imigração. No início do ano, Trump ajudou a eliminar legislação no Congresso que promoveria reformas desejadas por Biden, democratas e alguns republicanos. Trump afirmou que apenas um "tolo" votaria para aprová-la, enquanto Biden acusou Trump de pressionar legisladores para destruir o projeto por motivos políticos.

Sob a gestão de Biden, mais de 6,4 milhões de migrantes foram detidos ao entrar ilegalmente nos EUA, um número superior ao registrado durante os mandatos de Trump, Obama ou George W. Bush. Embora tenha havido um declínio significativo nas travessias nos últimos meses, isso provavelmente é apenas temporário.

Fonte: G1

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