
Por causa da luta contra a fome e a pobreza no Brasil empreendida como principal bandeira do Governo Lula, estive analisando o que pode significar a lista de bilionários da Forbes 2025, divulgada no início de abril passado.
A tal lista tem números que impressionam, mas também revoltam. Enquanto o mundo registra um recorde de 3.028 bilionários (com uma fortuna combinada de US$ 16,1 trilhões), o Brasil vê sua representação cair de 69 para 55 nomes, reflexo da desvalorização do real. Mas a queda do número de bilionários do país na lista da Forbes não significa que eles ficaram pobres, como a maioria dos mais de 210 milhões de brasileiros.
O dado mais chocante na lista não é a queda do número de bilionários no Brasil: é a concentração obscena de riqueza em meio a um mundo onde milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.
Os símbolos de ostentação e riqueza estão espalhados pelo mundoSe o Brasil é um exemplo dessas desigualdades, no Nordeste, a situação é ainda mais gritante. Em 2024, a região tinha 18 bilionários; em 2025, restam apenas dois: Mário Araripe (Ceará), da Casa dos Ventos (US$ 3 bilhões), e Ilson Mateus (Maranhão), do Grupo Mateus (US$ 1,7 bilhão). Na região as desigualdades são históricos. A pobreza e fome no Nordeste só diminuiriam por causa de ações firmes dos governos petistas, que tiraram o Brasil do Mapa Fome, da ONU, para o qual o país voltou no desastroso governo de Jair Bolsonaro.
O luxo que está nas vitrines parece desafiar a fúria dos miseráveis
E se tem um estado como grande representante dos pobres no meio desses bilionários este é o Piauí. O estado, mais uma vez, não figurou na lista – um retrato cruel da desigualdade regional que persiste no Brasil, onde riqueza se concentra no Sudeste e Sul. Mas o Piauí caminha para mudar sua própria realidade com a implantação de muitos projetos pelo atual governo estadual, comandado pelo professor Rafael Fonteles.
O que é ser rico em um mundo de miséria?
No mundo capitalista, ser rico significa ter muitos bens materiais, como dinheiro, propriedades e investimentos, além de possuir uma boa qualidade de vida e estabilidade financeira. É importante notar que a riqueza não se limita apenas à acumulação de dinheiro, mas também envolve aspectos como saúde, relacionamentos e liberdade financeira.
Neste grupo de super ricos, enquanto Elon Musk segue no topo global com US$ 342 bilhões e Eduardo Saverin (Facebook) lidera no Brasil com US$ 34,5 bilhões, mais de 700 milhões de pessoas no mundo vivem em extrema pobreza, segundo a ONU. No Brasil, 62 milhões sobrevivem com menos de R$ 700 por mês e se não fossem os programas sociais do Governo Lula, como o Bolsa Família, a fome era geral.
Criança catando comida nos lixões é uma realidade em todo o planeta Abismo social
Como justificar que dez brasileiros somem US$ 121 bilhões (R$ 694 bilhões) em fortuna enquanto 33 milhões passam fome? A resposta está no sistema: riqueza gera mais riqueza, especialmente para quem já está no topo. As grandes fortunas são construídas sobre heranças, monopólios, exploração de recursos naturais e, muitas vezes, precarização do trabalho.
A farsa do "mérito" contrata com e a realidade da desigualdade. A narrativa do "empreendedor que enriqueceu com esforço" esconde uma verdade incômoda: a maioria dos bilionários depende de estruturas que perpetuam a desigualdade. Enquanto um trabalhador brasileiro médio leva séculos para acumular US$ 1 milhão, os super-ricos veem suas fortunas multiplicarem-se em meses, graças a juros, investimentos e isenções fiscais.
O Nordeste, historicamente negligenciado, é o exemplo perfeito: mesmo com potencial em energias renováveis (como o caso de Araripe) e comércio (Mateus), a região não tem políticas que distribuam oportunidades. O Piauí, sem nenhum bilionário, reflete o abandono do poder público e a falta de investimentos em indústria e educação ao longo de dois séculos. O estado só vive avanço real nos últimos 20 anos.
A Forbes celebra os bilionários, mas a pergunta que fica é: que sociedade queremos? Uma onde 0,0001% da população detém mais que os 50% mais pobres? Ou uma onde riqueza signifique desenvolvimento para todos, não luxo para poucos?
Está claro que, enquanto não houver reforma tributária justa, investimento em educação e políticas de redistribuição de renda, listas como a da Forbes continuarão sendo um termômetro da injustiça, não do progresso.
