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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mortes relacionadas ao calor aumentaram 23% desde 1990, diz relatório da OMS

A publicação alerta sobre o fracasso das medidas adotadas para conter as mudanças climáticas

Quinta - 30/10/2025 às 13:35



Foto: As mortes relacionadas ao calor aumentaram 23% desde a década de 1990
As mortes relacionadas ao calor aumentaram 23% desde a década de 1990

As mortes relacionadas ao calor aumentaram 23% desde a década de 1990, atingindo 546 mil falecimentos por ano entre 2012 e 2021 em todo o mundo. O dado é do 9º relatório anual do Lancet Countdown sobre o clima, liderado pela University College London e produzido em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS). A publicação acontece nas vésperas da 30ª Conferência das Partes (COP30) da Organização das Nações Unidas (ONU) e alerta sobre o fracasso em conter as mudanças climáticas.

O documento, divulgado esta semana, revela que a dependência excessiva contínua de combustíveis fósseis e a falha em se adaptar às mudanças climáticas estão impactando negativamente a saúde e meios de subsistência da população mundial, com 12 dos 20 indicadores rastreando ameaças à saúde atingindo "níveis sem precedentes".

Somente em 2024, a poluição do ar pela fumaça de incêndios florestais foi associada a um recorde de 154 mil mortes, segundo o relatório, enquanto o potencial médio global de transmissão da dengue aumentou até 49% desde a década de 1950. Além disso, segundo os autores do estudo, 2,5 milhões de mortes todos os anos estão relacionadas à poluição do ar proveniente da queima contínua de combustíveis fósseis.

"O balanço de saúde deste ano pinta um quadro sombrio e inegável dos danos devastadores à saúde que atingem todos os cantos do mundo, com ameaças recordes à saúde causadas pelo calor, eventos climáticos extremos e fumaça de incêndios florestais matando milhões", alerta Marina Romanello, diretora executiva do Lancet Countdown da University College London, em comunicado à imprensa.

"Já temos as soluções em mãos para evitar uma catástrofe climática, e comunidades e governos locais em todo o mundo estão provando que o progresso é possível. Do crescimento da energia limpa à adaptação da cidade, a ação está em andamento e oferece benefícios reais para a saúde, mas devemos manter o ritmo. A eliminação rápida dos combustíveis fósseis continua sendo a alavanca mais poderosa para desacelerar as mudanças climáticas e proteger vidas", afirma.


Calor extremo

O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. Segundo o relatório, em todo o mundo, uma pessoa foi exposta a um recorde extra de 16 dias quentes, enfrentando riscos à saúde. Os mais vulneráveis, de acordo com os especialistas, são as crianças menores de um ano e os idosos com mais de 65 anos. Houve, em média, um recorde histórico de 20 dias de ondas de calor, um aumento de 389% e 304% em relação à média anual de 1986-2005, respectivamente.

O documento aponta, ainda, que atrasos na adoção de energia limpa e ecológica expõem mais de 2 bilhões de pessoas a combustíveis poluentes e não confiáveis em suas casas. Em 65 países com baixo acesso a energia limpa, a poluição do ar pelo uso doméstico de combustíveis sujos resultou em 2,3 milhões de mortes evitáveis em 2022.

Sistemas alimentares insustentáveis também estão alimentando as mudanças climáticas, e dietas não saudáveis e com alto teor de carbono contribuíram para 11,8 milhões de mortes relacionadas à dieta em 2022, o que poderia ser evitado em grande parte com a transição para sistemas alimentares mais saudáveis e ecológicos.

Avanços em ações climáticas promovem saúde

O relatório mostra que governos locais, indivíduos, sociedade civil e o setor de saúde estão liderando o caminho para um futuro mais saudável, sinalizando o possível início de uma ação climática transformadora. Um número crescente de cidades já realizou ou pretende realizar avaliações de risco relacionadas às mudanças climáticas. Um total de 834 das 858 reportaram dados em 2024, segundo o CDP, o maior sistema voluntário do mundo para monitorar o progresso climático.

 O setor de saúde também tem se destacado: as emissões globais de gases de efeito estufa associadas à saúde caíram 16% entre 2021 e 2022, e quase dois terços dos estudantes de medicina em todo o mundo receberam formação em clima e saúde em 2024, fortalecendo a capacidade de avanço, segundo o documento.

Além disso, a redução no uso de carvão, especialmente em países ricos, evitou cerca de 160 mil mortes prematuras por ano entre 2010 e 2022, causadas pela poluição do ar (material particulado fino, PM 2.5) resultante da queima de combustíveis fósseis.

"A ação contra as mudanças climáticas continua sendo uma das maiores oportunidades de saúde do século 21, além de impulsionar o desenvolvimento, fomentar a inovação, gerar empregos e reduzir a pobreza energética. Aproveitar os inúmeros benefícios de uma resposta centrada na saúde exige desbloquear oportunidades ainda não exploradas para mitigar as mudanças climáticas e fortalecer a resiliência frente aos impactos já sentidos", afirma o  professor Tafadzwa Mahbhaudi, diretor do Lancet Countdown África.

Fonte: CNN

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