
Apesar de ser um estado rico em recursos naturais, o Piauí ainda enfrenta desafios para consolidar seu setor industrial. Segundo Islano Marques, diretor da área internacional da Federação das Indústrias do Estado do Piauí (FIEPI), o estado passou diretamente de uma economia baseada na agricultura e pecuária para o setor de comércio e serviços, sem vivenciar plenamente o boom industrial que marcou outras regiões do país.
“Historicamente, o Piauí não vivenciou plenamente a revolução industrial brasileira. Passamos diretamente de uma economia primária, baseada na agricultura e na pecuária, para o setor terciário, que é o comércio e os serviços”, explica Marques.
O estado chegou a ser detentor do maior rebanho bovino do Brasil, com grande produção e exportação de couro e peles para a Europa. “O Piauí é um estado rico, com recursos naturais que deveriam favorecer o desenvolvimento industrial, mas por diversos fatores, não vivenciamos o boom industrial como outras regiões”, ressalta.
Atualmente, o Piauí conta com cerca de 5.400 empresas com classificação industrial, porém a maioria é formada por pequenos negócios, e a presença de indústrias médias e grandes ainda é tímida. “Temos uma indústria que é majoritariamente composta por pequenas empresas. Isso mostra que precisamos investir em atração de investimentos e em inovação para que o setor cresça de forma sustentável”, afirma o diretor.
Entre os setores que despontam como promissores, Islano Marques destaca a energia renovável e o hidrogênio verde. “Estamos nos preparando, como sistema, para receber essas novas indústrias que vão impulsionar a economia do estado. O governo do Piauí tem feito sua parte, e nós, da FIEPI, atuamos fortemente na qualificação da mão de obra para que o estado esteja pronto para esses desafios”, acrescenta.
A qualificação profissional, segundo Marques, é um dos pilares para a transformação industrial no Piauí. Por meio do SENAI, o Sistema FIEPI tem capacitado técnicos e profissionais com alto índice de empregabilidade. “Os cursos técnicos do SENAI têm 90% de inserção no mercado, e quando falamos de tecnologia, esse índice chega a 93%. Isso demonstra a eficiência do nosso modelo de ensino, que alia conhecimento à prática”, destaca.
No entanto, ainda persistem desafios logísticos que dificultam o desenvolvimento pleno da indústria no estado. “Nos falta uma estrutura portuária adequada, apesar de termos o rio Parnaíba. Tivemos o Porto das Barcas em Parnaíba, um porto fluvial que hoje está desativado. Precisamos buscar soluções logísticas, como ferrovias e incentivos para melhorar a malha viária, para garantir maior competitividade à indústria local”, analisa.
Mesmo diante das dificuldades, Teresina tem atraído empresas do setor de logística, devido à sua posição estratégica no meio-norte do país. “Isso mostra que o Piauí começa a entrar no radar dos investidores, um sinal positivo para o futuro da nossa indústria”, conclui Islano Marques.
Por que 25 de maio?
O Dia da Indústria é comemorado no Brasil no dia 25 de maio, em homenagem a Roberto Simonsen, engenheiro, historiador e um dos principais articuladores da industrialização brasileira. Simonsen faleceu nesta data, em 1948, e deixou um legado fundamental para o desenvolvimento do setor industrial no país.
“Ele não apenas liderou, mas também pensou o Brasil industrial. Era engenheiro, historiador e um entusiasta da qualificação da mão de obra. Nada mais justo que essa data seja lembrada como o marco da indústria no país”, pontua Marques.
Confira um trecho da entrevista que será publicada em breve no nosso canal no YouTube: