O Brasil é um país de riquezas arqueológicas ainda pouco exploradas. Com aproximadamente 37 mil sítios arqueológicos já cadastrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), especialistas acreditam que há muito mais a ser descoberto. Em entrevista ao portal Piauí Hoje, na tarde desta quarta-feira (12), adiretora do Centro Nacional de Arqueologia do IPHAN, Jeane Crespo, destacou a importância da educação e da conscientização para a preservação desse patrimônio, além de enfatizar o papel crucial de sítios como a Serra da Capivara, no Piauí, que revolucionou o entendimento sobre o povoamento das Américas.
Jeane Crespo ressaltou que a população precisa se apropriar e valorizar os bens culturais arqueológicos. "É fundamental que as pessoas entendam a importância desses sítios e saibam como agir ao encontrar um possível local de interesse arqueológico", afirmou. Ela orienta que, em caso de descoberta, o cidadão não deve mexer no local e deve procurar uma unidade do IPHAN mais próxima para relatar o achado.
A educação também foi apontada como uma ferramenta essencial. "É preciso que as crianças aprendam desde cedo sobre a ocupação humana no Brasil, que é extremamente antiga e rica. Valorizar o patrimônio arqueológico é um exercício de cidadania", completou Jeane.
Riqueza arqueológica é muito além dos 37 mil sítios
O Brasil possui um vasto potencial arqueológico, tanto em sítios já identificados quanto em áreas ainda inexploradas. Segundo Jeane, o uso de tecnologias modernas, como escaneamento aéreo, tem revelado estruturas complexas no subsolo da Amazônia, indicando a presença de sociedades antigas em regiões antes consideradas "vazias".
"Temos um país riquíssimo em arqueologia, mas ainda há muito a ser descoberto. Infelizmente, muitos sítios foram perdidos devido à urbanização e industrialização", lamentou a diretora.
Jeanne Crespo e Luíz Brandão no estúdio do portal Piauí HojeSerra da Capivara: um marco na arqueologia mundial
A Serra da Capivara, no Piauí, foi destacada como um dos principais sítios arqueológicos do Brasil. Com pesquisas contínuas, o local tem revelado descobertas que contestam teorias científicas consolidadas, como a do povoamento das Américas. A Dra. Niède Guidon, arqueóloga responsável por grande parte das pesquisas na região, que completou 92 anos nesta quarta-feira (12.03) deixou um legado não apenas científico, mas também comunitário.
"Ela conseguiu engajar a população local na preservação do patrimônio. Hoje, a comunidade faz questão de proteger os sítios arqueológicos", destacou Jeane. Além disso, a região conta com um campus de arqueologia, um museu e um instituto dedicado ao estudo e à preservação do patrimônio.
"A preservação do patrimônio arqueológico brasileiro depende não apenas de políticas públicas, mas também da conscientização e engajamento da população. Com tecnologias modernas e pesquisas contínuas, como as realizadas na Serra da Capivara, o Brasil tem a oportunidade de reescrever sua história e valorizar sua riqueza cultural", concluiu.
A seguir um pequeno trecho da entrevista de Jeanne Crespo ao portal Piauí Hoje.
Entrevista
Acesse o link abaixo e assista a entrevista completa de Jeanne Crespo ao portal Piauí Hoje
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