Arte e Cultura

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Mauricio de Sousa Produções repudia uso de IA em Turma da Mônica e ameaça ação judicial

Estúdio brasileiro se une a artistas globais na crítica à reprodução não autorizada de estilos por inteligência artificial

Por Isaac Da Silva (*)

Sexta - 11/04/2025 às 10:53



Foto: Reprodução/Redes sociais Mauricio condena uso de inteligência artificial na Turma da Mônica e cogita ação judicial
Mauricio condena uso de inteligência artificial na Turma da Mônica e cogita ação judicial

A Mauricio de Sousa Produções (MSP) manifestou-se publicamente contra o uso de inteligência artificial (IA) para criar conteúdos inspirados na Turma da Mônica. A empresa anunciou que estuda medidas legais para proteger seus personagens e o estilo artístico característico da marca, após a disseminação de imagens geradas por IA que distorcem tanto a estética quanto os valores das histórias originais.

Em nota enviada ao Estadão, a MSP reconheceu o potencial da IA como ferramenta de experimentação e inovação, mas ressaltou que ela deve funcionar como apoio — e não substituição — à criação artística. A empresa destacou que o traço da Turma da Mônica é único, resultado de décadas de trabalho artístico, e que nenhum algoritmo é capaz de reproduzi-lo por completo. Além disso, reforçou que os personagens são protegidos por direitos autorais, e qualquer uso não autorizado está sujeito a medidas legais.

Montagem feita por IA insere a Turma da Mônica no trágico atentado de 11 de Setembro - Reprodução

A polêmica ganhou força após a circulação de tirinhas criadas por IA que imitavam estilos de estúdios famosos, como o Studio Ghibli — renomado estúdio japonês de animação — que também enfrentou controvérsias semelhantes. Imagens geradas por IA no estilo Ghibli viralizaram nas redes sociais, desrespeitando diretrizes de direitos autorais e levantando questões éticas sobre a arte digital.

Hayao Miyazaki, cofundador do estúdio, expressou repulsa à arte gerada por IA, chamando-a de “insulto à própria vida”. Conhecido por seu delicado método de animação desenhada à mão, quadro por quadro, Miyazaki reagiu negativamente a um vídeo de um monstro criado com prompts de texto. “Estou completamente enojado”, disse ele. “Se você realmente quer fazer coisas assustadoras, pode ir em frente e fazer, mas eu nunca desejaria incorporar essa tecnologia ao meu trabalho.

 Anônimos, políticos e famosos aderiram a 'trend' de gerar imagens no estilo do Stúdio Ghibli geradas por IA - Reprodução

No outro lado, Sam Altman, CEO da OpenAI, defendeu o uso da IA na arte como um avanço criativo para a sociedade, mesmo diante das controvérsias envolvendo direitos autorais e críticas de artistas como Miyazaki.

Altman chegou a ironizar a situação em uma publicação na rede X (antigo Twitter), comentando que, após anos tentando desenvolver uma superinteligência capaz de curar o câncer, o que realmente chamou atenção do público foram as imagens geradas no estilo Ghibli.

Ninguém se importa nos primeiros 7,5 anos. Depois, por 2,5 anos, todo mundo te odeia por tudo”, escreveu. “Acordei um dia com centenas de mensagens: ‘Olha, eu te transformei em um twink estilo Ghibli haha’”, brincou, referindo-se a uma gíria para homens jovens, magros e de aparência juvenil.

Como costuma ocorrer com arte gerada por IA, as imagens irão continuar numa série de questionamentos sobre direitos autorais e acessibilidade das artes à sociedade— não apenas relacionados ao trabalho do Studio Ghibli, mas também às imagens originais, que estão sendo reinterpretadas, de formas indelicadas em detrimento ao trabalho artístico humano.

(*) Isaac Da Silva é estagiário sob supervisão do jornalista Luiz Brandão - DRT-PI - 960

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