Brasil

OPINIÃO

Todos por Moraes e pela democracia

A ira dos fascistas brasileiros contra Moraes vem de longa data, desde quando o ministro assumiu a relatoria do inquérito das fake news, em 2019

Por Florestan Fernandes Jr*

Sexta - 30/05/2025 às 13:19



Foto: Bruno Peres/Agência Brasil Ministro Alexandre de Moraes
Ministro Alexandre de Moraes

Se existe alguém no Brasil que merece o reconhecimento por ainda vivermos, mesmo que aos solavancos, num Estado Democrático de Direito, é o ministro Alexandre de Moraes

Em nenhum momento nos últimos anos o ministro recuou um centímetro sequer na sua missão de defender a democracia dos ataques, muitas vezes violentos e ameaçadores, desferidos pela extrema-direita bolsonarista. Uma horda de fanáticos e radicais que se move pelo ódio, pessoas capazes de agredir fisicamente e até matar aqueles que discordam de suas ideias totalitárias. Seguem à risca o discurso de ódio disseminado nas redes bolsonaristas. 

O ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro nunca economizou, nos discursos, em ameaças, incitação ao ódio e xingamentos contra Alexandre de Moraes. Todos se lembram do dia 7 de setembro de 2021. Naquela data, durante uma manifestação na Avenida Paulista, Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de “canalha” e ameaçou afastá-lo do cargo diante de uma multidão extasiada: “Sai, Alexandre de Moraes! Deixe de ser canalha, deixe de oprimir o povo brasileiro... Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair", esbravejou o então presidente da República.

Vale lembrar que Bolsonaro estava transtornado porque dias antes da manifestação fascista, Moraes havia expedido uma ordem de busca e apreensão contra apoiadores e entidades suspeitas de atividades antidemocráticas. 

Em julho daquele mesmo ano, Bolsonaro chamou Moraes de “otário” ao criticar o inquérito sobre ataques à democracia por conta de defensores da volta do AI-5: “Não existe AI-5. E alguns acham que quero dar o golpe. Fala para esse otário que eu já estou no poder”, afirmou Bolsonaro. 

A ira dos fascistas brasileiros contra Moraes vem de longa data, desde quando o ministro assumiu a relatoria do inquérito das fake news, em 2019. Foram vários os embates entre o ministro e a extrema-direita durante as investigações sobre as notícias falsas, os discursos de ódio, de difamação e injúria. 

Um deles ocorreu em 27 de maio de 2020, quando uma operação da Polícia Federal com mandados de busca e apreensão esteve nas casas de empresários, parlamentares e influenciadores digitais ligados ao bolsonarismo. Entre os alvos da operação estavam os deputados federais Daniel Silveira, Roberto Jefferson, Bia Kicis, Carla Zambelli, o blogueiro Allan dos Santos, a ativista Sara Winter, o empresário Luciano Hang, entre outros.

Não à toa, o nome de Alexandre de Moraes constava da lista dos que seriam presos e mortos na trama golpista para manter o ex-presidente Bolsonaro no poder. 

A ira alimentada contra Alexandre de Moraes não fica restrita ao ministro. Seus familiares também têm sido vítimas de agressões e ameaças disparadas por bolsonaristas. Uma delas ocorreu no aeroporto de Roma, em 14 de julho de 2023, quando o filho do magistrado foi agredido verbalmente por pai e filho bolsonaristas. 

Agora, as agressões e ameaças contra Moraes e sua família vêm de autoridades dos EUA. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, disse que Moraes e sua família poderão sofrer sanções com base em uma lei que prevê punição a estrangeiros que, supostamente, possam ser consideradas responsáveis por “censura” a cidadãos ou empresas americanas.  As restrições de vistos e de uso de cartões de crédito de empresas estadunidenses ocorrem em meio ao julgamento de Bolsonaro no STF pelo crime de tentativa de golpe de estado. Para atender às pressões da extrema-direita brasileira, em especial às de Eduardo Bolsonaro, o governo Trump se utiliza de uma lei criada na gestão Obama para fazer bullying contra Moraes. As sanções contra o ministro podem vir a acontecer por conta de decisões envolvendo ações contra plataformas digitais e pela suspensão de contas acusadas de disseminar desinformação nas redes.

Nesse embate, não podemos deixar Alexandre de Moraes sozinho. É urgente a mobilização de todos em defesa da nossa soberania, claramente violada se as sanções forem mesmo implementadas. É necessário que instituições, sindicatos, associações e a sociedade civil como um todo realizem atos de desagravo em todos os cantos do país. Vamos fazer um cordão de apoio a Alexandre de Moraes. Uma defesa intransigente da nossa Constituição. Como na campanha de 2018, ninguém solta a mão de ninguém, muito menos a de Alexandre de Moraes.

*Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e Diretor de Redação do Brasil 247

Fonte: Brasil247

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