
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta terça-feira (20), por meio de vídeo publicado nas redes sociais, que não precisa de doações para se manter nos Estados Unidos. A declaração foi feita após o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, ter lançado uma nova campanha de arrecadação via Pix para ajudar Jair Bolsonaro e mencioná-lo como um dos beneficiários.
“Não estou pedindo doações, não estou pedindo Pix. Agradeço a todo mundo, mas não é necessário, eu consigo me sustentar aqui nos Estados Unidos. Agradeço ao Gilson Machado, nosso eterno ministro do Turismo, por ter feito um vídeo falando isso daí, mas neste momento a gente não precisa desse tipo de iniciativa”, disse Eduardo.
A fala veio na esteira da repercussão de um corte do programa Papo Antagonista, que destacou imagens de Eduardo e da esposa em um rodeio nos Estados Unidos usando acessórios de luxo — episódio usado para reforçar a tese de que ele não estaria em dificuldades financeiras. Em resposta, o deputado confirmou a análise feita pelo programa: “E, sim, o Gilson Machado tomou uma atitude sem me consultar. Por isso já fiz um vídeo agradecendo a sua boa vontade e preocupação, e esclarecendo que eu não estou precisando de campanha de Pix neste momento, não por vergonha de pedir pois não seria demérito, mas sim por não precisar e estar trabalhando em outros projetos.”
Ainda segundo Eduardo, o foco atual de sua atuação no exterior envolve iniciativas que, segundo ele, têm como objetivo "soltar os presos políticos e resgatar nossa democracia". Desde que deixou o país, o parlamentar afirma temer uma possível prisão, citando supostos “excessos” cometidos pelo Judiciário brasileiro contra aliados de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A campanha de Gilson Machado
O ex-ministro do Turismo Gilson Machado lançou nas redes sociais uma nova campanha de arrecadação via Pix em nome de Jair Bolsonaro. No vídeo, Machado diz que o ex-presidente precisa de ajuda para pagar despesas médicas e honorários advocatícios, além de custear a permanência de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.
“Aumentou a despesa dele, principalmente porque ele está tendo Eduardo Bolsonaro lá nos Estados Unidos, que ele está ajudando também. Não é barato morar nos Estados Unidos”, justificou Gilson.
Em outro trecho, ele enfatizou: “Foi depositado em torno de R$ 17 milhões na conta dele e já foi embora metade disso. Em praticamente um ano, já se foi gasto com advogado, despesa, tudo, quase R$ 8 milhões, e agora aumentou a despesa dele.” Segundo ele, as doações seriam “pelo Brasil”: “Não é por mim, não é por você, não é pelo presidente Bolsonaro. É pelo nosso país, porque o Brasil tem jeito sim.”
Eduardo, por sua vez, afirmou que “frequentemente recebe mensagens” sugerindo que crie uma campanha para manter sua família fora do Brasil, mas reforçou: “Neste momento, não há necessidade.”
Histórico de arrecadações
Jair Bolsonaro arrecadou mais de R$ 17 milhões em doações via Pix em 2023, de acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Mesmo com aposentadorias públicas e recursos pagos pelo Partido Liberal (PL), ele enfrenta processos no Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo a acusação de tentativa de golpe de Estado, o que tem elevado seus gastos jurídicos, segundo aliados.
Outros parlamentares bolsonaristas também têm recorrido a pedidos públicos de doação. A deputada Carla Zambelli (PL-SP), por exemplo, iniciou recentemente uma vaquinha para arrecadar recursos após ser condenada pelo STF a mais de 10 anos de prisão por invasão a sistema do Conselho Nacional de Justiça e uso de documentos falsos.
“Vivo com o meu salário de deputada, que não é baixo, mas que com essa quantidade de multas fica impossível”, disse Zambelli. Em poucas horas, ela já havia arrecadado cerca de R$ 166 mil, segundo publicação nas redes sociais.