Saúde

VULVA OZEMPIC

Canetas emagrecedoras levantam alerta sobre possíveis impactos na saúde íntima feminina

Mulheres afirmaram ter sofrido alterações na região íntima após o uso dos medicamentos

Da Redação

Sábado - 23/08/2025 às 19:15



Foto: Reprodução/Redes sociais Receitas de canetas emagrecedoras agora devem ser emitidas em duas vias; uma fica retida na farmácia, segundo nova norma da Anvisa
Receitas de canetas emagrecedoras agora devem ser emitidas em duas vias; uma fica retida na farmácia, segundo nova norma da Anvisa

As chamadas “canetas emagrecedoras”, como Mounjaro, Ozempic e a brasileira Olire, se tornaram uma tendência mundial, chegando a superar até as buscas pelo termo “dieta” no Google. Mas, junto com a popularidade, crescem também os alertas sobre efeitos colaterais ainda pouco discutidos.

Veículos internacionais, como o portal britânico Ladbible, tratou o assunto como 'impacto sexual preocupante' e trouxe relatos de mulheres que afirmam ter sofrido alterações na região íntima após o uso dos medicamentos. Os sintomas citados incluem flacidez nos lábios externos, fraqueza nos músculos vaginais e secura vaginal. O fenômeno chegou a ser apelidado de “Vulva Ozempic” pela imprensa estrangeira.

Embora os fabricantes não confirmem esses efeitos, médicos brasileiros reconhecem que o emagrecimento rápido pode impactar a região íntima feminina. O ginecologista Henrique Tavares Barreto, especialista em reprodução, endometriose, estética íntima, longevidade e medicina do esporte, disse ai portal O TEMPO que a perda acelerada de gordura pode atingir um tipo específico de tecido, a chamada gordura DWAT, responsável por estimular a produção de colágeno e preservar a elasticidade da pele.

“Isso acontece por causa da redução da gordura sobre a pele, o que acarreta na força muscular nos tecidos de sustentação e principalmente uma ação direta num tipo de gordura regenerativa - a gordura DWAT - que estimula a manutenção do colágeno local e modula uma regeneração positiva na própria pele, mantendo a elasticidade e diminuindo fibroses internas do envelhecimento”, explica.

Em termos estéticos, a perda da gordura DWAT pode causar o envelhecimento da pele na região íntima, o que gera consequências.

"Mulheres com essa perda podem ter alterações estéticas significativas, causando constrangimentos pessoais e desconforto na relação, visto que esse coxim adiposo é importante para o contorno corporal e para proteção de impactos na região óssea abaixo da vulva”, afirma o médico. 

Henrique também alerta que a diminuição da gordura nos lábios externos (grandes lábios) pode causar desconforto até nas roupas com contato direto, como uma calça jeans, por exemplo.

Desempenho sexual

Apesar das mudanças relatadas, a ginecologista Rachel Silviano, membro do Comitê de Disfunções do Assoalho Pélvico da SOGIMIG, pondera que a flacidez vulvar não deve ser associada diretamente a prejuízos na vida sexual.

“A sexualidade feminina é muito mais complexa. A preocupação estética vivida hoje é que pode, sim, ter relação com o desempenho sexual. Mulheres com dismorfia e desejando ter corpos perfeitos, assim como vulvas perfeitas, fantasiam que, se não for perfeito, a sexualidade piora. Mas, em termos médicos, não vejo piora de desempenho por flacidez de pele vulvar”, explica.

A especialista também acredita que há poucas evidências que relacionem os efeitos das canetas emagrecedoras na saúde da vulva feminina:

“Em relação à musculatura não há estudos em mulheres com pouco sobrepeso que utilizam medicamentos para emagrecer e apresentam disfunção do assoalho pélvico. Na verdade, os músculos do assoalho pélvico são pouco trabalhados no dia a dia da vida moderna. Daí a importância de conhecermos esse grupo muscular e aprendermos a trabalhá-lo”, afirma.

O melhor caminho defendido pelos especialistas são de processos de emagrecimento que sejam constantes e que realmente tenham a mudança de hábitos alimentares e de vida.

“Na verdade, emagrecer com saúde é excelente para a saúde de um modo geral, incluindo a vulva. Atualmente, com a esquizofrenia das redes sociais, as mulheres fazem qualquer coisa para estarem magras, musculosas e cheias de libido. Os milagres não existem. A receita é se reeducar para se alimentar de maneira balanceada e aprender a fazer escolhas inteligentes”, finaliza a dra Rachel Silviano.

Fonte: O TEMPO

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