
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nesse sábado (23) os governos anteriores por manterem congelada a tabela do Imposto de Renda (IR) entre 2015 e 2022, medida que, segundo ele, fez com que cerca de 20 milhões de brasileiros de menor renda passassem a pagar o tributo.
"A não correção do Imposto de Renda promoveu um enorme aumento de impostos das camadas economicamente mais frágeis. Ou seja, os sete anos de não correção da tabela do Imposto de Renda incluiu, no pagamento deste tributo, alguma coisa em torno de 20 milhões de brasileiros que não deveriam estar pagando Imposto de Renda e passaram a pagar nos governos Temer e Bolsonaro", afirmou Haddad.
A declaração ocorreu em Brasília, durante debate promovido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que contou também com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e de parlamentares da legenda.
A tabela do IR ficou congelada desde o fim do governo Dilma Rousseff, acumulando defasagem superior a 36%, segundo o Sindifisco Nacional. Nesse período, apenas quem recebia até R$ 1.903 por mês ficou isento.
No atual governo, a faixa de isenção foi ampliada duas vezes e hoje alcança quem ganha até R$ 3.036. O próximo passo é a aprovação no Congresso do projeto de lei que estende a isenção para quem ganha até R$ 5 mil, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O PL 1.087/2025, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), foi aprovado em regime de urgência pela Câmara dos Deputados e prevê ainda redução parcial do IR para salários entre R$ 5 mil e R$ 7.350. Para compensar a perda de arrecadação, o texto cria uma alíquota progressiva extra de até 10% para quem recebe acima de R$ 600 mil anuais.
De acordo com o Dieese, a mudança pode dobrar o número de trabalhadores isentos, passando de 10 milhões para 20 milhões, e reduzir o peso do tributo para outros 16 milhões.
Segundo Haddad, a proposta vai beneficiar especialmente os trabalhadores com carteira assinada, além de estimular o consumo interno:
"Estamos ultimando as tratativas com o Banco Central, Fazenda e Planejamento, para que que o nosso Conselho Monetário Nacional possa entregar ao presidente Lula mais uma conquista importante de turbinar o crédito imobiliário, com todas as cautelas devidas, mas fazendo fonte barata de crédito, que é a poupança, chegar ao trabalhador de baixa renda e classe média", destacou o ministro.
Fonte: Agência Brasil