
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um balanço do que ouviu no primeiro dia de seu julgamento e destacou, em conversas com aliados, duas manifestações do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Bolsonaro, foram justamente as divergências abertas por Fux que mais o agradaram durante a sessão.
Em diálogo com integrantes do PL, Bolsonaro elogiou dois momentos da fala do ministro. Um deles foi quando Fux demonstrou concordância com o pedido da defesa do ex-presidente para que o caso da tentativa de golpe fosse julgado pelo plenário do STF, com os 11 ministros, e não pela Primeira Turma, que conta com apenas cinco magistrados.
“Ou nós estamos julgando pessoas que não exercem função pública e não têm prerrogativa de foro no Supremo, ou estamos julgando pessoas que têm essa prerrogativa, e (nesse caso) o local correto seria efetivamente o plenário do STF”, afirmou Fux.
Outro ponto destacado por Bolsonaro foi a fala do ministro sobre a delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. O comentário foi comemorado pela defesa do ex-presidente.
“Vejo com muita reserva nove delações de um mesmo colaborador, cada hora acrescentando uma novidade. Em se tratando deste momento, eu me reservo o direito de avaliar, no momento próprio, a legalidade e a eficácia dessas delações sucessivas, mas acompanho (o voto do relator) no sentido de que não é o momento de se decretar a nulidade”, disse Fux.
A avaliação feita por Bolsonaro e por aliados foi a de que o tom adotado pelos ministros, inclusive Alexandre de Moraes, relator do caso, foi respeitoso e dentro do esperado. Segundo interlocutores, o ex-presidente deve retornar ao Supremo nesta quarta-feira (26) para acompanhar presencialmente a terceira sessão do julgamento.
O único trecho considerado pelo entorno do ex-mandatário como uma “demonstração de força” foi quando Moraes afirmou que o Judiciário não se intimidará com “milícias digitais nacionais ou estrangeiras”. Para aliados de Bolsonaro, a fala foi um recado direto ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Luiz Fux presidiu o STF entre 2020 e 2022, período em que Bolsonaro ocupava a Presidência da República. Ele sucedeu Dias Toffoli, que manteve boa relação com o ex-capitão. No entanto, Fux também chegou a ter aproximações com Bolsonaro.
Fonte: Diário do Centro do Mundo