
Durante a sessão Paz e Segurança, Reforma da Governança Global da cúpula do BRICS, realizada neste domingo (6), no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento enfático em defesa da reformulação da estrutura de governança internacional. O discurso, lido por Lula e publicado na íntegra pela Presidência da República, alertou para o colapso do multilateralismo e o agravamento das desigualdades geopolíticas.
“O advento da ONU marcou a derrota do nazi-fascismo e o nascimento de uma esperança coletiva”, destacou Lula. “Mas hoje, presenciamos um colapso sem paralelo do multilateralismo.” Segundo ele, a atual reunião do BRICS acontece em meio ao cenário global mais adverso desde a fundação da ONU, que completou 80 anos em junho.
Defesa do Sul Global e críticas à ordem atual
O presidente relembrou o papel histórico dos países do BRICS na construção de uma ordem internacional mais justa, mencionando a Conferência de Bandung, em 1955, e o Movimento dos Não-Alinhados. Ele alertou que a autonomia do Sul Global está sob ameaça, diante de retrocessos em temas como comércio, clima e saúde.
Lula criticou a fragilidade dos acordos internacionais, o endurecimento sobre patentes de medicamentos e a desigualdade no acesso à saúde. Também lamentou o esvaziamento do direito internacional e o crescimento da corrida armamentista, citando a decisão da OTAN de ampliar gastos militares enquanto promessas de financiamento ao desenvolvimento seguem sendo descumpridas.
Palestina, Ucrânia e os desafios da paz
Ao abordar conflitos globais, Lula condenou tanto os ataques do Hamas quanto as ações de Israel em Gaza: “Nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas. Mas não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza”. O presidente reiterou que a única solução viável é o reconhecimento do Estado palestino dentro das fronteiras de 1967.
Lula também defendeu a paz negociada na Ucrânia, mencionando o grupo liderado por China e Brasil, e criticou violações territoriais contra o Irã. Sobre o Haiti, cobrou mais atuação da ONU, combinando segurança e desenvolvimento.
Reforma do Conselho de Segurança e protagonismo do BRICS
Lula voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de membros permanentes da América Latina, África e Ásia. Para ele, essa transformação é fundamental para a sobrevivência da própria ONU.
“A governança internacional precisa refletir a nova realidade multipolar do século XXI. Cabe ao BRICS liderar esse processo”, afirmou. O presidente citou ainda o “Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global”, iniciativa brasileira no G20, e alertou: “Adiar esse processo torna o mundo mais instável e perigoso”.
A fala de Lula reforça o papel do Brasil como liderança do Sul Global e destaca o BRICS como plataforma estratégica para reequilibrar as forças no cenário internacional.
Fonte: Brasil 247, com informações da Presidência da República.