
O deputado estadual e presidente do PT no Piauí, Fábio Novo, criticou duramente a ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em publicação feita nesta quarta-feira (31) no X, antigo Twitter, Novo classificou Trump como “arrogante, autoritário e a personificação do imperialismo americano”, mas disse que o ex-presidente norte-americano “não é tolo ao ponto de rasgar dinheiro”, em referência às cerca de 700 exceções incluídas na medida.
A nova tarifa, que entra em vigor no próximo dia 6 de agosto, deixou de fora produtos como aviões, petróleo, suco de laranja, ferro, alumínio, fertilizantes e componentes eletrônicos.
Para Fábio Novo, a decisão de Trump é política e tem como pano de fundo a atuação do Brasil no Brics, o crescimento de ferramentas como o Pix, que, para Trump, ameaça as grandes operadoras de cartão como a Visa, e a recente regulação das big techs pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“É o ciúme do Pix, porque a Visa perde, e as Big Techs que acabaram de ser reguladas pelo STF.”
Escreveu o deputado, ao citar interesses econômicos norte-americanos contrariados pelas ações brasileiras.
O parlamentar também ironizou as sanções anunciadas por Trump contra o ministro Alexandre de Moraes, que segundo ele “não tem bens nem contas na terra do Pateta”. Para Fábio Novo, as exceções incluídas na medida revelam que os EUA ainda dependem do Brasil para manter seu abastecimento em áreas estratégicas, mesmo com a elevação generalizada das tarifas.
“As 700 exceções do decretinho de Trump deixam metade do que exportamos para os EUA fora da taxa de 50%. O bom é que eles precisam mais da gente do que nós deles. E o shampoo do Xandão? Taxado! Nossa soberania, não?!”, escreveu.
Executiva das tarifas
Apesar das isenções, a tarifa de 50% atinge produtos relevantes na pauta de exportação brasileira, como café, frutas e carnes, o que pode afetar setores importantes da economia nacional. Já os itens que ficaram fora da taxação representam cerca de US$ 18,4 bilhões, R$ 95,68 bilhões, em exportações, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), o que corresponde a 43,4% do total comercializado entre os dois países. A medida, que classifica o Brasil como uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional dos EUA”, permite ainda que a lista de exceções seja alterada se o país “se alinhar suficientemente com os Estados Unidos em temas de segurança, economia e política externa”.
Trump também ameaçou ampliar ainda mais a alíquota caso o Brasil adote qualquer tipo de retaliação, como a elevação de tarifas sobre produtos norte-americanos. Para Fábio Novo, no entanto, o gesto do ex-presidente dos EUA é apenas mais uma tentativa de fortalecer sua lábia eleitoral, sem romper totalmente os laços comerciais que ainda favorecem os interesses estratégicos norte-americanos.
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(*) Isaac Da Silva é estagiário sob supervisão da jornalista Nayrana Meireles -DRT 0002326/PI
Fonte: Agência Brasil