
O Brasil dedica o dia 31 de julho à valorização de um dos principais símbolos da diversidade animal urbana: os vira-latas ou cães sem raça definida. Criado para estimular a adoção consciente, combater o abandono e promover o bem-estar de cães e gatos, o Dia Nacional do Vira-Lata, também conhecido como Dia do SRD, provoca reflexões sobre a relação entre humanos e animais que vivem à margem de cuidados básicos.
O número de cães e gatos abandonados no país é expressivo e levanta um alerta de saúde pública e de responsabilidade coletiva. Estimativas indicam que cerca de 30 milhões de animais vivem nas ruas brasileiras, expostos à fome, doenças e maus-tratos. Destes, aproximadamente dois terços são cães. O reconhecimento oficial da data tem como objetivo central chamar atenção da sociedade para a urgência de ações permanentes, como políticas públicas de castração, campanhas de adoção e aplicação da legislação de proteção animal.O termo “vira-lata” tem origem na prática comum desses animais de revirar sacos e latas de lixo em busca de alimento, principalmente nas áreas urbanas. Durante décadas, a expressão foi usada de forma depreciativa. Hoje, a designação “Sem Raça Definida” vem sendo adotada como alternativa neutra, mas o nome original persiste na cultura popular, inclusive com um exemplar que se tornou ícone: o “vira-lata caramelo”, frequentemente presente em obras artísticas, memes e campanhas educativas.
Embora não possuam pedigree, os SRDs representam a maior parcela dos cães adotados no Brasil. Levantamentos recentes apontam que mais de 30% dos tutores optam por cães sem raça definida, atraídos não apenas pela aparência, mas também pela relação afetiva construída ao longo do tempo. A adoção de um animal SRD é muitas vezes resultado de encontros espontâneos, geralmente em situações de resgate ou vulnerabilidade.
A legislação brasileira trata o abandono de animais como crime. De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, a prática de maus-tratos contra cães e gatos pode resultar em reclusão de dois a cinco anos, além de multa e proibição da guarda. Ainda assim, casos de abandono continuam sendo registrados diariamente em todas as regiões do país. Os motivos vão desde dificuldades financeiras até desinformação sobre os cuidados necessários.
A guarda responsável é um dos principais pilares para combater o ciclo de abandono. Isso implica reconhecer que a adoção de um animal exige comprometimento com sua saúde, alimentação, ambiente adequado e acompanhamento veterinário regular. Também são recomendadas medidas de identificação, como uso de coleiras com plaquetas e microchipagem.Além dos impactos individuais, o abandono de animais pode provocar desequilíbrios ecológicos e disseminação de doenças. Cães e gatos que vivem soltos podem predar espécies silvestres e atuar como vetores de zoonoses. A reprodução descontrolada também contribui para o aumento da população de rua, tornando mais complexa a gestão pública do problema.
Diversas instituições promovem ações permanentes para incentivar a adoção e o controle populacional de cães e gatos. Campanhas de castração, feiras de adoção e programas educativos são algumas das frentes que integram governos, organizações não governamentais e clínicas veterinárias. A adesão da população é fator determinante para a eficácia dessas iniciativas.
No Dia Nacional do Vira-Lata, a mensagem central é clara: animais sem raça definida merecem o mesmo respeito, proteção e afeto destinados a qualquer outro pet. Ao adotar um SRD, o tutor assume um papel ativo na construção de uma sociedade mais consciente, justa e comprometida com o bem-estar animal.
Fonte: Sérgio Dias
