
Líderes do Centrão consideram que o Projeto de Lei da Anistia, que busca perdoar os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, enfrenta resistência popular e política, o que deve resultar em uma tramitação prolongada na Câmara dos Deputados. A baixa adesão às manifestações recentes e pesquisas de opinião desfavoráveis reforçam essa percepção.
Recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou manifestações em São Paulo e no Rio de Janeiro em defesa da anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Apesar das expectativas, a participação popular foi considerada aquém do esperado. Em São Paulo, estimativas apontam para a presença de aproximadamente 45 mil pessoas na Avenida Paulista. No Rio de Janeiro, a Polícia Militar contabilizou mais de 400 mil participantes em Copacabana, enquanto a Universidade de São Paulo (USP) registrou cerca de 18,3 mil manifestantes.
Paralelamente, pesquisas de opinião indicam que a maioria da população brasileira é contrária à concessão de anistia aos envolvidos nos atos golpistas. Um levantamento da Genial/Quaest, realizado entre 14 e 18 de dezembro de 2024, revelou que 89% dos entrevistados desaprovam as invasões ocorridas em 8 de janeiro. veja a pesquisa neste link.
Diante desse cenário, líderes do Centrão avaliam que o PL da Anistia não possui respaldo popular suficiente para avançar rapidamente no Congresso Nacional. A tendência é que o projeto seja encaminhado a uma comissão especial, onde deverá ser debatido por meses antes de qualquer votação em plenário. Essa estratégia permitiria uma análise mais aprofundada e evitaria pressões imediatas para sua aprovação.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), já sinalizou que não cederá às pressões da oposição para acelerar a tramitação do projeto. Aliados de Motta indicam que a pauta econômica será priorizada em 2025, especialmente em meio às preocupações com a guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pode impactar negativamente a economia global.
Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro continua a defender publicamente a aprovação do PL da Anistia. Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro comparou a situação brasileira com a dos Estados Unidos, onde milhares de manifestantes que invadiram o Capitólio em 2021 foram perdoados por decreto presidencial. Ele expressou esperança de que, no Brasil, o Congresso resolva a questão sem a necessidade de intervenção do Executivo.
Contudo, a falta de consenso entre os parlamentares e a resistência popular sugerem que a tramitação do PL da Anistia será lenta e enfrentará diversos obstáculos antes de qualquer decisão definitiva.
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Fonte: Brasil 247