Política

PROTESTO NAS RUAS

Artistas convocam povo às ruas para barrar "PEC da Bandidagem" e anistia a golpistas

Figuras históricas da cultura nacional, como Caetano Veloso e Chico Buarque lideram mobilização e chamam a população para as ruas em defesa do Brasil

Por Luiz Brandão

Quinta - 18/09/2025 às 17:51



Foto: Redes sociais Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque: arte e engajamento político
Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque: arte e engajamento político

Uma coalizão de artistas brasileiros de grande credibilidade e trajetória reconhecida está à frente de um forte movimento de repúdio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 5/2023, apelidada de "PEC da Bandidagem", e a qualquer projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas que culminaram com os ataques de 8 de janeiro de 2023. Nomes fundamentais da música e das artes do país, com histórico de resistência política desde a ditadura militar, estão usando suas redes sociais para convocar a população a ir às ruas e barrar o que classificam como um "retrocesso" e um "afronta à democracia".

Liderando a convocatória, Caetano Veloso foi enfático em um vídeo: "A gente tem de ir pra rua, pra frente do Congresso, como já fomos outras vezes. Voltar a dizer que não admitimos isso, como povo, como nação". A postura do ícone baiano não é isolada. Junto a ele, Chico Buarque de Holanda, Chico César, Sandra de Sá, as atrizes Míriam Pires e Irene Ravache e outros grandes nomes se manifestaram com veemência contra as propostas, que têm como principais interessados parlamentares bolsonaristas e seus aliados do Centrão.

História de lutas 

A força do protesto reside na incontestável credibilidade e história desses artistas. Eles não são vozes ocasionais na política; sua atuação é parte integrante de suas biografias e da história recente do Brasil.

· Resistência à Ditadura Militar: Durante o regime militar (1964-1985), artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque foram perseguidos, censurados, presos e forçados ao exílio por sua arte e sua oposição ao autoritarismo. Sua música foi um instrumento crucial de denúncia e resistência, codificando mensagens de protesto que ecoavam em todo o país.

· Diretas Já: Na década de 1980, esses mesmos artistas estiveram na linha de frente do movimento "Diretas Já", que mobilizou milhões de brasileiros em uma campanha histórica pela redemocratização e pela volta das eleições presidenciais diretas. Eles usaram sua visibilidade e sua arte para galvanizar o apoio popular, tornando-se símbolos da conquista da democracia.

· Defesa Constante da Constituição: Ao longo de toda a Nova República, essas figuras mantiveram-se engajadas na defesa de direitos sociais e das instituições democráticas, sempre se posicionando contra ameaças de retrocesso.Gilberto Gil e Caetano Veloso sempre estiveram nas lutas políticas

Essa trajetória confere a eles uma autoridade moral singular para falar sobre momentos de crise democrática, como o atual. Eles não apenas testemunharam, mas foram agentes decisivos na luta pelas liberdades que agora consideram sob ameaça.

As propostas alvo da crítica

Os artistas se mobilizam contra dois projetos em tramitação no Congresso:

1. A "PEC da Blindagem" (PEC 5/2023): Aprovada pela Câmara e enviada ao Senado, a proposta busca alterar a Constituição para determinar que prisões preventivas de deputados e senadores só poderão ser decretadas pelo plenário de suas respectivas casas legislativas. Para os críticos, isso cria um foro privilegiado ainda mais blindado, dificultando drasticamente a investigação e a punição de parlamentares envolvidos em crimes de qualquer natureza.

2. Projeto de Anistia aos Golpistas: Propostas que visam anistiar os investigados, processados e condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando sedes dos Três Poderes em Brasília foram invadidas e depredadas por bolsonaristas que não aceitaram o resultado das eleições. Para os manifestantes, conceder anistia é perdoar uma tentativa explícita de golpe de Estado.

Mobilização e próximos passos

O apelo dos artistas já começa a ser respondido por entidades da sociedade civil, movimento sindical, partidos políticos de esquerda e movimentos sociais. Está prevista uma primeira manifestação para o Rio de Janeiro e São Paulo no dia 21, além de um grande protesto em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, em data ainda não definida.

A mensagem é unânime: acreditam que somente com a pressão popular massiva nas ruas será possível barrar o que veem como tentativas de perpetuar a impunidade e enfraquecer as instituições democráticas. O grito de guerra, ecoado de Caetano Veloso às novas gerações de artistas, é claro: só o povo nas ruas pode sepultar esses projetos.

Caetano Veloso e Chico Buarque de Holanda 

Fonte: Redes Sociais

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: