
A Polícia Civil do Piauí cumpriu, na manhã desta quinta-feira (4), um mandado de prisão preventiva contra Altair Ricardo Marques Coutinho, proprietário da R. Coutinho Imobiliária, suspeito de aplicar golpes que podem chegar a R$ 3 milhões. O empresário já havia sido preso em flagrante em junho, mas foi liberado 24 horas depois, decisão que agora foi revertida pelo Judiciário.
Segundo as investigações, Ricardo Coutinho agia como corretor de imóveis e prometia vendas e regularização de documentação, mas os imóveis vendidos apresentavam dívidas pendentes ou já estavam negociados com outras pessoas. As vítimas, ao tentarem regularizar a compra, descobriam que haviam sido enganadas e o empresário desaparecia sem prestar contas.
O delegado Adalberto Paulo explicou que, em muitos casos, Ricardo Coutinho se recusava a repassar valores aos antigos proprietários ou pagava apenas parte da dívida, mantendo clientes e vendedores sem resposta. “As vítimas chegavam à imobiliária e não encontravam ninguém; o estabelecimento estava frequentemente fechado. Após recebermos denúncia anônima em 29 de maio de 2024, conseguimos localizá-lo e dar início às investigações detalhadas”, disse.
O histórico criminal do empresário reforça a gravidade do caso: são 39 procedimentos registrados, incluindo 10 inquéritos por estelionato, além de registros por fraudes, tráfico de drogas e porte ilegal de armas. A Polícia Civil alerta que o modus operandi de Ricardo Coutinho, utilizado de maneira reiterada, evidencia planejamento e repetição nos golpes.
Relatos das vítimas: contratos falsos, pagamentos não realizados e sumiços
A prisão do empresário ocorreu após uma série de denúncias de clientes lesados, que alegam prejuízos que já somam cerca de R$ 3 milhões. Segundo as vítimas, Ricardo Coutinho atuava como intermediador de negociações e utilizava contratos falsificados, promessas não cumpridas e recebimentos indevidos para aplicar os golpes.
O estudante Lorin Honda relata que negociava a venda do ágil de sua casa quando foi enganado por Ricardo. O corretor teria feito dois contratos com valores diferentes para as partes envolvidas, atrasado pagamentos e desaparecido após repassar apenas parte do valor acordado. “Fui lesado em mais de R$ 35 mil, e a outra parte também perdeu dinheiro”, contou Lorin.
Outro caso foi relatado por Rayane Oliveira, que disse ter pago R$ 16.500 via Pix para trocar de imóvel. Ela só descobriu que o novo contrato era falso, com assinaturas forjadas, ao tentar regularizar a documentação com a construtora. A casa que deveria ser dela já estava sendo ocupada por outra pessoa. “Percebi que era golpe no dia em que marquei uma reunião com ele, mas ele não apareceu. Estava preso”, afirmou.
As denúncias incluem ainda outros clientes próximos às vítimas iniciais, que também teriam sido enganados após indicações. Em vários dos relatos, os pagamentos eram feitos diretamente para contas pessoais de Ricardo.
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Fonte: Polícia Civil do Piauí