Municípios

ENTREVISTA

Falta de ação no Piauí trava reconhecimento da Chapada do Araripe como patrimônio mundial

Os arqueólogos Wellington Alencar e Conceição Lages concederam entrevista no Podcast do portal Piauí Hoje.

Da Redação

Quinta - 19/06/2025 às 13:00



Foto: Wikimedia Commons Chapada do Araripe
Chapada do Araripe

A Chapada do Araripe, que se espalha pelo Piauí, Ceará e Pernambuco, avança rumo ao título de Patrimônio Mundial da Unesco, mas a falta de apoio institucional no trecho piauiense tem emperrado etapas decisivas do processo, como o inventário cultural detalhado, o mapeamento de sítios arqueológicos e a articulação técnica com o Iphan. A informação é dos arqueólogos Wellington Alencar e Conceição Lages, em entrevista no Podcast do portal Piauí Hoje.

Eles disseram que nove municípios do Sul do Piauí seguem sem verbas estáveis para pesquisa de campo, sinalização turística e elaboração do dossiê exigido pela Unesco, colocando em risco a participação do estado num selo capaz de turbinar turismo, renda e valorização patrimonial. Enquanto isso, o Cariri cearense já mobiliza universidades, Fecomércio, Sesc e governo estadual, e Pernambuco oficializou adesão em 2024.

Temos 66 sítios arqueológicos já cadastrados no Piauí, mais do que em Pernambuco, mas ainda faltam investimentos para levantamento completo, sinalização e inclusão do estado no dossiê da Unesco”, alerta Alencar.

Conceição Lages lembra que a região abriga sítios de arte rupestre, fósseis de pterossauro, uma ordem extinta que corresponde aos répteis voadores do período Mesozóico, contemporâneos dos dinossauros, além de manifestações culturais vivas. “Tudo isso são elementos que justificam o conceito de museu orgânico adotado pelo Cariri cearense. A Fecomércio de lá transformou mestres da cultura em atração turística, gerando renda. O Piauí pode fazer o mesmo com Queimada Nova e Caldeirão”, enfatiza a pesquisadora.

Os especialistas informam que já realizaram reuniões com reitores da UFPI e da Uespi e fizeram visitas a de gestores estaduais, mas nenhum compromisso orçamentário permanente foi firmado. Eles sugerem a criação de um escritório intermunicipal para catalogar bens culturais, capacitar guias locais e viabilizar infraestrutura de acesso.

No Ceará, o projeto já atraiu aporte do Sesc e de hotéis da cadeia gastronômica regional. Estudos preliminares da URCA estimam que a chancela da Unesco pode elevar em 40 % o fluxo de visitantes estrangeiros em cinco anos, com efeito multiplicador em hospedagem e artesanato. “Perder esse bonde seria desperdiçar uma mina de ouro que está literalmente gravada nas pedras”, conclui Lages.

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