
Um cenário típico e preocupante se repete nesta época do ano nas praias mais famosas do litoral piauiense: o vazio. O que deveria ser um movimento intenso de turistas dá lugar a areias vazias e estabelecimentos fechados na beira das praias. O principal motivo, apontado por turistas e confirmado pela realidade local, é a exploração nos preços de alimentos e bebidas, que tornou o destino inacessível para a maioria dos brasileiros.
A reportagem do Piauí Hoje constatou que os valores praticados em bares e restaurantes à beira-mar estão exorbitantes. A justificativa dos comerciantes, que se apoiam em um ciclo vicioso, é a de que os preços altos da alta temporada são necessários para sustentar o negócio durante os meses de baixa movimentação. No entanto, a estratégia tem se mostrado contraproducente, afastando justamente o público que sustenta o trade turístico local: o turista nacional com um salário médio.
Diante dos custos elevados, os turistas têm buscado alternativas. Os "gringos", majoritariamente europeus que visitam a região para a prática de kitesurf, optam por pequenos estabelecimentos afastados da orla ou preparam suas próprias refeições nas pousadas e casas de temporada que alugam.
Já os turistas brasileiros, alvo principal do comércio local, estão simplesmente migrando para outros destinos. Eles preferem praias como as de Camocim, no Ceará, onde os preços são mais justos e condizentes com a realidade econômica do país. Não há justificativa plausível para que um prato de peixe comum, típico da região, seja vendido por valores que ultrapassam a marca de R$ 300,00, como é o caso da maioria dos restaurantes de Barra Grande e até mesmo da Praia do Coqueiro.
A Barra é para os ricos
Barra Grande, no município de Cajueiro da Praia, é apontada como o epicentro dos preços "salgados" no litoral do Piauí. A localidade, outrora um paraíso democrático, ganha a fama de ser um destino "só para ricos". Até mesmo na movimentada Praia do Coqueiro, o fluxo de visitantes está significativamente menor, com turistas reclamando constantemente dos valores praticamente proibitivos.
A situação gera um alerta para a economia local: ao invés de garantir a sobrevivência anual dos negócios, a prática de preços abusivos pode estar acelerando um declínio, corroendo a fidelidade dos turistas e a reputação do destino, que perde competitividade para outros estados do Nordeste.
Uma rápida pesquisa em fóruns de viagem e aplicativos de avaliação confirma a queixa dos turistas. Relatos de casais que gastam acima de R$ 400,00 em uma única refeição simples, sem bebidas alcoólicas, são frequentes. Comparações com destinos como o litoral do Ceará ou do Rio Grande do Norte mostram que, nestes locais, um prato similar de frutos do mar pode ser encontrado pela metade do preço ou menos, criando um fluxo migratório de turistas em busca de melhor custo-benefício.
A conclusão é clara: enquanto não houver uma revisão estratégica por parte dos empresários do setor, o litoral do Piauí corre o risco de se tornar um destino de nicho, sustentado por um público muito restrito, enquanto a grande maioria dos turistas busca o sol e o mar em praias mais acolhedoras, não apenas pela natureza, mas também pelo bolso.
Preços altos e praias vazias
Mais conteúdo sobre:
#Preços abusivos #Litoral Piauí #turistas afastados Piauí #Barra Grande preços altos #custo de vida #praias do Piauí #crise turismo Piauí #preços justos