Durante a audiência de custódia realizada nessa quarta-feira (30), a juíza responsável pelo caso do ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral não conseguiu assistir por completo às imagens da violenta agressão cometida por ele contra a então namorada Juliana Garcia dos Santos Soares, dentro do elevador de um prédio no bairro Ponta Negra, em Natal (RN).
De acordo com relato da vítima, a magistrada alegou não ter “estômago” para assistir ao vídeo até o fim. A gravação, feita pelas câmeras de segurança do condomínio, mostra Igor desferindo 61 socos no rosto da mulher, que cai no chão e permanece sem reação enquanto é espancada.
Juliana, de 35 anos, sofreu diversas fraturas no rosto, incluindo mandíbula, nariz, globo ocular, bochecha e maxilar quebrados. Ela está com o rosto inchado, se alimenta apenas com líquidos e pastosos e aguarda a redução dos edemas para ser submetida a uma cirurgia de reconstrução facial.
Barbaridade
A agressão aconteceu no último sábado (26) e segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, o casal estava em um churrasco no condomínio, quando Igor Cabral pediu para ver o celular de Juliana. Ao visualizar mensagens, ele ficou com ciúmes e a situação se agravou. Juliana afirmou que ele jogou o aparelho na piscina por irritação.
Após o incidente, Igor teria ido até o apartamento dela para recolher seus pertences e sair do local. Juliana foi atrás dele. Interpretando o comportamento dela como ameaça, ele entrou no elevador e pediu que ela se retirasse. Temendo uma agressão em área sem câmeras, como o corredor, ela permaneceu dentro do elevador. Ao se encontrarem novamente no andar do apartamento, Igor iniciou a sequência de 61 socos.
O porteiro do prédio viu as imagens em tempo real pelas câmeras do elevador e acionou a Polícia Militar, que prendeu Igor em flagrante. No domingo (27), a prisão foi convertida em preventiva. A defesa do agressor solicitou à Justiça que ele fosse mantido em cela isolada, alegando ameaças recebidas, além da exposição pública de locais ligados à família. A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte recebeu prazo de 48 horas para informar quais providências adotou quanto à segurança do detento.
Agressor recorrente
Igor, de 29 anos, é ex-jogador da Liga Nacional de Basquete e chegou a representar o Brasil nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2014. À polícia, ele alegou que teve um “surto claustrofóbico” no momento da agressão e afirmou ser autista, mas não apresentou documentação médica que comprove a condição. A delegada responsável pelo caso, Victória Lisboa, descartou qualquer justificativa para o ataque e o indiciamento por tentativa de feminicídio está em andamento.
Juliana afirmou que já sofria com episódios de violência psicológica e física por parte de Igor, mas não imaginava que ele seria capaz de uma agressão tão extrema. Ela agora pede distância e orienta outras mulheres a não ignorarem sinais de abusos nos relacionamentos. Amigos e familiares da vítima iniciaram uma campanha de arrecadação para custear o tratamento médico, com meta de R$ 70 mil, mais de R$ 60 mil já foram arrecadados até o momento.
Juliana Garcia, espancada pelo agora ex-namorado dentro de um elevador em Natal, RN – Foto: Reprodução
A família de Igor divulgou nota afirmando estar consternada com o ocorrido e negou qualquer envolvimento ou responsabilidade nos atos cometidos pelo ex-atleta. A nota também pede que os familiares, trabalhadores e “cidadãos comuns”, não sejam alvos de ameaças ou retaliações.
Denuncie!
Para evitar que casos como o de Juliana Garcia se repitam, é essencial denunciar a violência doméstica. Além dos canais nacionais 190 (Polícia Militar), 180 (Central de Atendimento à Mulher) e Disque 100 (direitos humanos), o Piauí conta com a Patrulha Maria da Penha, que atua na proteção de vítimas com medidas protetivas e na fiscalização de agressores. O atendimento é 24h via WhatsApp.
Canais de denúncia:
190 – Polícia Militar
180 – Central de Atendimento à Mulher
Disque 100 – Direitos humanos
Patrulha Maria da Penha (PI):
• WhatsApp (denúncias): (86) 99407-4875
• WhatsApp (fiscalização): (86) 99407-1089
(*) Isaac Da Silva é estagiário sob supervisão da jornalista Nayrana Meireles -DRT 0002326/PI
Fonte: Metrópoles, UOL e O Globo
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