
Com quatro anos de atividades no bairro Promorar, zona sul de Teresina, o projeto "Dojo Jita Kyoei" tem sido uma ferramenta de transformação social por meio do karatê. Fundado em 2021 dentro do CRAS da comunidade, o projeto nasceu com o objetivo de oferecer aulas gratuitas de karatê a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Atualmente, o dojo atende cerca de 30 alunos, entre crianças, jovens e adultos. Desde seu início, o grupo já participou de dezenas de competições e acumula medalhas em torneios estaduais, regionais e nacionais, com atletas figurando entre os melhores do país.
“É um sentimento de orgulho. Tem vários talentos dentro do tatame e os meninos já estão competindo em nível nacional”, afirma o professor e fundador do projeto, Geovane de Sousa, faixa preta com 3º grau. “Mesmo com espaço reduzido, sem apoio, a gente está treinando para ver um bom resultado. O foco principal é formar cidadãos de bem. A parte competitiva é consequência, e tem dado frutos.”
Professor e fundador do projeto, Geovane de Sousa
O projeto também mantém as portas abertas para a comunidade, sem cobrança de mensalidades. “Contamos com o apoio de quem quiser ajudar, apadrinhar algum atleta, doar materiais ou custear inscrições. As matrículas estão abertas para todas as idades, a partir de 3 anos”, completa Celestino.
Resultados expressivos (2023 a 2025):
Entre os principais resultados do projeto, destacam-se:
Campeonato Piauiense de Karatê (2023) – Medalha de ouro
Jogos Escolares Piauienses (2023 e 2024) – Medalhas de ouro e prata
Jogos Brasileiros Escolares – Brasília (2023) – Medalha de bronze
Circuito Open Nacional (2024) – Medalhas de prata (kumite e kata)
Copa Samurai (2024) – Medalhas de ouro e prata
Campeonato Brasileiro – Etapas Ceará, Macaé e Sergipe (2024/2025) – Ouro, prata e bronze
Seletiva Nacional para o Pan-Americano (RJ, 2024) – Medalha de bronze
Voz dos atletas
A jovem Amanda Raquel Pereira é um dos maiores destaques do dojo. Tricampeã em etapas classificatórias do Campeonato Brasileiro, ela relata que o karatê entrou em sua vida por influência do tio:
“Foi meu tio que começou a treinar e eu ficava observando os troféus dele. Quando fui a primeira vez, percebi que aquele esporte era pra mim. Cada medalha representa uma dificuldade superada e uma conquista maravilhosa. Hoje treino até em casa com meus irmãos e quero ser exemplo pra eles”, afirma Amanda.
Amanda Raquel Pereira
Em 2025, Amanda conquistou medalhas de ouro nas etapas do Rio de Janeiro e Sergipe, além de se manter na reserva da seleção brasileira. Também foi campeã em Fortaleza. “Estou muito feliz. Essa conquista é muito boa pra mim. Mesmo com momentos difíceis, sempre levantei a cabeça e continuei. Esse esporte é maravilhoso e vou continuar treinando sempre”, conclui.
Outro talento é João Pedro, que treina há cinco anos e foi campeão por equipe e vice-campeão individual na etapa zonal do Campeonato Brasileiro no Ceará. “O karatê me tirou de muitas tristezas. Me ajuda com o foco, com a mente, com tudo. A competição me fortalece. Quando estou no tatame, esqueço os problemas. Me concentro, luto e mostro quem eu sou. O karatê é mais que esporte, é parte da minha vida”, relata o atleta.
João Pedro
Alisson Felipe, de 12 anos, começou em 2022. Ele ainda busca classificação para o Brasileiro, mas já venceu o Open Nacional. “É muito bom treinar. Estou me preparando pra próxima etapa. Participar dos campeonatos me ajuda a aprender mais e ficar melhor a cada dia”, destaca.
Alisson Felipe
Dojo sem apoio oficial, mas com resultados concretos
Apesar dos resultados expressivos e da relevância social, o projeto ainda não conta com apoio da prefeitura ou de órgãos oficiais. As atividades são mantidas com esforço do professor e apoio pontual da comunidade.
“Levamos 11 atletas para o último Campeonato Brasileiro. Todos voltaram com medalhas. Agora estamos classificados para a final nacional em Recife, que acontece em novembro. Até lá, seguimos treinando e buscando apoio para garantir presença dos nossos alunos”, diz Geovane.
As aulas ocorrem às terças e quintas, das 18h às 19h30, no CRAS do Promorar. O projeto segue com vagas abertas, acolhendo novos alunos da comunidade.
(*) Lília Ferreira é estagiária sob supervisão da jornalista Nayrana Meireles -DRT 0002326/PI