
Vinte clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro anunciaram que não participarão da eleição para presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), marcada para este domingo (25), às 10h30, na sede da entidade, no Rio de Janeiro. A decisão é um protesto contra o modelo eleitoral da CBF, que privilegia as federações estaduais. A votação ocorrerá mesmo com chapa única, encabeçada por Samir Xaud, da Federação Roraimense de Futebol.
A ausência, porém, não impede que esses clubes votem. A comissão eleitoral permitiu o voto remoto, mas a abstenção será mantida como posicionamento político. “O futuro do futebol brasileiro precisa ser pautado pela democracia, transparência e representatividade”, diz trecho da nota divulgada pelos clubes.
O texto leva o lema da campanha que simboliza o protesto: “Sem clube não tem futebol”. A maioria das equipes ausentes pertence à Liga Forte União (LFU), mas há representantes da Libra também. Entre os signatários estão: América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo-SP, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Mirassol, Novorizontino, Santos, São Paulo e Sport.
“Não compareceremos à votação por discordarmos do processo vigente. Estaremos prontos para conversar com a nova gestão, a partir da próxima semana, para que juntos possamos debater como mudar o processo eleitoral e outras demandas dos clubes em prol de um futebol cada vez melhor”, conclui a nota.
Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista de Futebol (FPF), era o nome defendido pelo grupo, mas teve sua candidatura inviabilizada por não obter o apoio mínimo de oito federações, Xaud, por sua vez, recebeu o aval de 25 das 27 entidades estaduais. “75% dos clubes demonstraram desejo legítimo e esse desejo não pode nem ir ao pleito. O modelo eleitoral não foi feito para que a vontade dos clubes possa prevalecer”, afirmou Marcelo Paz, CEO do Fortaleza.
A divisão entre os clubes ficou evidente. Palmeiras, Botafogo e Vasco apoiaram Samir Xaud, o que acirrou os ânimos. “A unidade dos clubes é fundamental para que a gente seja reconhecido como reais protagonistas do futebol brasileiro”, disse Alexandre Barcellos, presidente do Internacional.
Antes da eleição, os clubes já haviam apresentado um conjunto de exigências à CBF, entre elas:
- Alteração do peso dos votos no processo eleitoral;
- Participação obrigatória dos clubes nas Assembleias Gerais;
- Criação de uma liga reconhecida oficialmente pela entidade;
- Reformulação das regras de governança;
- Profissionalização da arbitragem;
- Participação no calendário 2026–2030;
- Apoio financeiro às Séries B, C e D e ao futebol feminino;
- Regras de Fair Play Financeiro.
A eleição ocorre após a saída de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF, motivada por suspeitas de fraude na assinatura de um acordo judicial. Ednaldo retirou sua candidatura na última semana. Com isso, a votação deste domingo deve apenas oficializar Samir Xaud no comando da entidade máxima do futebol brasileiro.