Arte e Cultura

MEMÓRIA

Um mês sem Niede Guidon: legado da arqueóloga permanece vivo na Serra da Capivara

Aos 92 anos, ela faleceu em sua casa, em São Raimundo Nonato, deixando um legado que ultrapassa a ciência e toca o desenvolvimento social, cultural e ambiental da região

Da Redação

Sexta - 04/07/2025 às 12:15



Foto: Prefeitura de São Raimundo Nonato Niéde Guidon ganha mural na Praça do Abrigo em São Raimundo Nonato
Niéde Guidon ganha mural na Praça do Abrigo em São Raimundo Nonato

Há exato um mês, no dia 4 de junho de 2025, o Brasil perdia Niede Guidon, arqueóloga de renome internacional que dedicou mais de cinco décadas à preservação do patrimônio histórico e natural do Parque Nacional Serra da Capivara, no Sul do Piauí. Aos 92 anos, ela faleceu em sua casa, em São Raimundo Nonato, deixando um legado que ultrapassa a ciência e toca o desenvolvimento social, cultural e ambiental da região.

Reconhecida como a principal responsável pela revelação ao mundo das evidências mais antigas da presença humana nas Américas, Niede Guidon foi uma das idealizadoras da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e liderou escavações e pesquisas que desafiaram teorias tradicionais sobre o povoamento do continente.

Da ciência à transformação social

Além de seu trabalho como cientista, Niede foi uma defensora incansável da preservação ambiental e da valorização das comunidades locais. Sob sua gestão, o Parque da Serra da Capivara tornou-se Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, e a região passou a receber investimentos em turismo sustentável, educação patrimonial e geração de emprego.

A arqueóloga também batalhou por décadas para garantir financiamento e infraestrutura para manter vivo o parque e suas centenas de sítios arqueológicos, muitos com pinturas rupestres datadas de até 50 mil anos.

Reconhecimento e continuidade

Mesmo após sua morte, Niede continua sendo lembrada por colegas, moradores de São Raimundo Nonato e admiradores do seu trabalho.

A Fundação Museu do Homem Americano, que ela ajudou a fundar e dirigiu por décadas, segue funcionando como um centro de pesquisa e educação, agora sob nova gestão, mas ainda baseada nos princípios que ela deixou como guia.

Um legado eterno no coração do Brasil

A ausência de Niede Guidon é sentida tanto pela comunidade científica quanto pelas populações do sertão piauiense, que viram, em sua atuação, uma ponte entre a memória ancestral e a oportunidade de futuro.

Sua luta pela valorização da Serra da Capivara permanece como um símbolo de resistência e inspiração. Um mês após sua partida, a certeza é de que seu legado continuará vivo nas pedras, nas pinturas e nas vidas que ela transformou.

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