O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a política externa adotada por Donald Trump e defendeu a autonomia do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no cenário econômico global. Em entrevista a rádios de Minas Gerais nesta quarta-feira (5), Lula afirmou que o bloco tem o direito de discutir alternativas ao dólar nas transações comerciais e destacou a necessidade de uma diplomacia mais equilibrada nas relações internacionais.
"O mundo não decidiu que o dólar seria a moeda global, foram os Estados Unidos. Os BRICS representam quase metade da população mundial e do comércio exterior, então temos o direito de buscar alternativas", declarou Lula. O presidente enfatizou que a dependência da moeda norte-americana impõe barreiras comerciais e limita a soberania financeira dos países em desenvolvimento.
Além da questão econômica, Lula voltou a condenar a postura de Trump, classificando suas declarações e ações como "bravatas" que prejudicam a estabilidade internacional. O presidente brasileiro criticou, ainda, a maneira como o republicano tem conduzido suas relações diplomáticas. "Nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo o tempo inteiro. Não é o mundo que precisa dos Estados Unidos, os Estados Unidos também precisam do mundo", afirmou.
A entrevista também abordou o comércio entre Brasil e EUA. Lula alertou que medidas protecionistas unilaterais não ficarão sem resposta e defendeu a aplicação da lei da reciprocidade em caso de sanções comerciais. "Se qualquer país aumentar a taxação dos produtos brasileiros, nós também iremos taxá-los. A Organização Mundial do Comércio permite ajustes de até 35%, e usaremos isso se necessário", garantiu.
Por fim, Lula fez um apelo pelo fortalecimento do diálogo internacional, destacando que o isolamento dos Estados Unidos pode prejudicar a economia global. "Precisamos de harmonia nas relações diplomáticas. Como prescindir de países como China, Índia, Rússia e dos mercados emergentes?", questionou. A fala do presidente reforça a posição do Brasil em defesa do multilateralismo e da cooperação econômica, enquanto a discussão sobre a desdolarização do BRICS ganha força no cenário internacional.
Fonte: Brasil 247