O ano de 2025 marca algumas datas redondas ligadas ao mesmo evento histórico, a II Guerra Mundial, que para muitos historiadores é tão-somente uma extensão do conflito anterior à I Guerra Mundial, encerrada 107 anos atrás.
As marcas históricas começam com os 80 anos da libertação do campo de extermínio Auschwitz-Birkenau, em 27 de janeiro. O lugar virou símbolo do genocídio promovido pelo nazismo contra judeus. Nesse campo, estima-se que morreram 1,3 milhão de pessoas, 90% delas judias.
A libertação de Auschwitz-Birkenau se sucede a outros dois episódios marcantes da II Guerra Mundial, a Batalha de Berlim, travada em abril de 1945, e o fim em si do conflito, em maio daquele ano – com duas datas comemorativas, uma pelos aliados ocidentais, outra pelos soviéticos.
A Batalha de Berlim se pode descrever como o confronto final do teatro de guerra na Europa, tendo a cidade sido alvo de embate no qual posicionaram-se qual 2,5 milhões de soldados soviéticos contra o que ainda restava do Exército Alemão. Foi nesse cenário que se suicidou Adolf Hitler, o gênio por trás do sucesso e do fiasco alemão na II Guerra Mundial.
Hitler pôs fim à própria vida em 30 de abril de 1945, após casar-se com sua amante Eva Braun. Ele com um tiro na cabeça, ela com veneno cianeto. Os corpos foram incendiados e não há uma versão confiável sobre para onde foram levados – de tal sorte que isso ajudou até a criar teorias da conspiração.
Os dias que se sucederam à queda de Berlim, tomadas por tropas soviéticas foram intensos e violentos. Pouco se fala, por exemplo, que os soldados soviéticos perpetraram até 130 mil estupros e que isso causou a morte de 10 mil mulheres alemãs, vítimas dessa violência e selvageria.
Ainda assim, seguiram-se no campo da política as negociações para os termos de rendição alemã, aceitos incondicionalmente em 2 de maio de 1945. Ocorreu que a divulgação do acordo seria feita em 9 de maio, mas jornalistas ocidentais anteciparam a notícia da rendição para 8 de maio, dando margem a grandes celebrações na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Os soviéticos, porém, mantiveram o dia 9 de maio como o Dia da Vitória.
É preciso que se diga que nas celebrações da vitória de países contrários à ideologia nazifascista – EUA, Reino Unido, França e União Soviética – 80 anos atrás, havia uma gigantesca ausência, a do mais importante líder norte-americano do século XX, Franklin Delano Roosevelt, morto em 12 de abril de 1945. Roosevelt pode ser descrito como o homem que redesenhou o mundo a partir do evento histórico ao qual ele não assistiu, o fim da II Guerra Mundial e a derrota do nazifascismo.
O sucessor de Roosevelt, Harry Truman, que celebrou a vitória aliada no dia de seu aniversário de 61 anos (8 de maio de 1945) seria o responsável por outras três datas marcantes para o fim da II Guerra Mundial: o uso de bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki (6 e 9 de agosto de 1945) e a rendição japonesa, com o fim de um regime militarista-imperial, em 2 de setembro do mesmo ano.
Completam-se, assim, 80 anos do uso de bombas nucleares para impor uma humilhante derrota ao Japão que custou a vida de 250 mil pessoas – imediatamente ou após o bombardeio, pela ação da radiação atômica. Um marco para nos lembrarmos de que a posse dessas armas não torna o mundo mais seguro, tampouco mais justo ou democrático.
Todas as datas marcantes de 80 anos neste ano de 2025, relacionadas à II Guerra Mundial, podem ser uma chance para as pessoas aprenderem a valorizar a democracia, o respeito e tolerância àqueles que pensam ou são diferentes de nós, mas que guardam a importante semelhança de serem todos humanos como somo nós humanos.