Brasil

COMBATE AO CRIME

Governo cria escritório emergencial contra o crime organizado no Rio de Janeiro

Ação surge após operação mais letal da história e busca integrar forças de segurança

Da Redação

Quinta - 30/10/2025 às 10:26



Foto: Reprodução Lewandowski e  Cláudio Castro durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro
Lewandowski e Cláudio Castro durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciaram nessa quarta-feira (29) a criação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado. A medida foi decidida em meio à crise provocada pela operação policial mais letal da história do estado, que deixou mais de 120 mortos. 

A iniciativa, divulgada pela Agência Gov, prevê a atuação conjunta de órgãos federais e estaduais na repressão às facções criminosas. O novo escritório será coordenado pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, e pelo secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.

Durante a reunião, o ministro Ricardo Lewandowski colocou à disposição do estado equipes técnicas da União, como peritos criminais, médicos legistas, odontólogos e especialistas em balística e DNA.

“Colocamos à disposição do governador e das autoridades de segurança peritos criminais que podem ser mobilizados pela Força Nacional e também de outros estados. Médicos legistas, odontólogos, peritos. Também temos bancos de dados no que diz respeito a DNA, balística, tudo isso estamos colocando à disposição do governador”, afirmou Lewandowski.

Lewandowski ressaltou que a iniciativa tem caráter emergencial, mas busca resultados concretos. 

“Estamos enfrentando um problema muito sério, não só aqui no Rio de Janeiro, mas que se espalha por todo o país. Vamos reunir todos os nossos esforços, investir recursos materiais e humanos para enfrentá-lo da forma mais coordenada possível. Essas forças-tarefa são temporárias, mas com empenho teremos bons resultados”, declarou.

Diferenças entre facções e terrorismo

O ministro também abordou o debate sobre a classificação das facções criminosas como “narcoterroristas”, termo usado por autoridades locais. Segundo Lewandowski, há distinções claras entre as duas categorias. 

"O terrorismo envolve sempre uma motivação ideológica, uma atuação política, com repercussão social e atentados esporádicos. As facções criminosas são grupos que praticam crimes sistematicamente, previstos no Código Penal. É fácil identificar uma facção pelo resultado de suas ações, não há subjetivismo nisso. Já o terrorismo exige uma apreciação mais subjetiva. Temos leis que definem o que é organização criminosa e o que é terrorismo”, explicou o ministro.

Ele completou: “São dois tipos de atuação que não se confundem. O governo federal não tem intenção de misturar esses conceitos, até porque isso dificultaria muito o combate a crimes que são claramente distintos em motivação e forma de atuação.”

Mais de 100 fuzis foram apreendidos pela polícia / Foto: Redes sociais 

Estrutura e cooperação

O novo escritório integrará ainda o Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), responsável por descapitalizar organizações criminosas, e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), criada em parceria com os estados.

Lewandowski destacou que o governo atua dentro do princípio do federalismo cooperativo. “O problema de uma unidade federal é um problema de todos os estados membros”, disse. 

Ele também anunciou que, até o fim de 2025, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ampliará em 50% seu efetivo no Rio, com o envio de 350 novos policiais.

O governador Cláudio Castro reforçou a importância da integração das forças de segurança. 

“A ideia é que nossas ações sejam 100% integradas a partir de agora, inclusive para vencermos possíveis burocracias. Vamos integrar inteligências, respeitar as competências de cada órgão, mas derrubar barreiras para fazer segurança pública de fato”, afirmou.

Lewandowski completou dizendo que o modelo poderá inspirar políticas nacionais. “Esse será um embrião do que queremos implementar nos estados com a PEC da Segurança Pública, para enfrentar o flagelo que é a criminalidade organizada”, pontuou.

Membros do Comando Vermelho arremessaram bombas com o uso de drones / Foto: Reprodução

Combate ao financiamento do crime

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo federal também atua para desarticular as estruturas financeiras que sustentam o crime organizado. 

 “Isso aqui é uma disputa do Estado brasileiro contra o crime. Então os órgãos de Estado têm de funcionar na forma da Constituição, cooperativamente, harmonicamente, contra o crime. A pior coisa que pode acontecer é colocar um ente da federação em antagonismo com o outro”, disse.

Haddad reforçou que o foco deve ser atingir quem financia as facções. “Nossa meta é chegar em quem organiza o crime”, concluiu.

Em rede social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou: “Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco.”


Fonte: Com informações da Agência Gov

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