O banqueiro e presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi transferido nesta segunda-feira (24) da carceragem da Polícia Federal em São Paulo para o Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos. Vorcaro foi preso em 18 de novembro, por suspeita de irregularidades financeiras, e teve sua prisão preventiva mantida pela Justiça Federal, que rejeitou um pedido de habeas corpus. Luiz Antônio Bull e Alberto Felix de Oliveira Neto, também presos na operação, foram transferidos para o mesmo CDP.
A investigação aponta indícios veementes de gestão fraudulenta e organização criminosa. Um dos principais pontos da acusação é a venda de carteiras de créditos, supostamente fraudulentas, ao Banco de Brasília (BRB). Além disso, o Banco Master é investigado por oferecer CDBs (Certificado de Depósito Bancário) com taxas muito acima das praticadas no mercado, prometendo um retorno considerado irreal.
A desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), destacou que a manutenção da prisão se deve ao comportamento reiterado dos acusados para atrapalhar as investigações.
Versão da Defesa de Daniel Vorcaro
Em nota, a defesa de Daniel Vorcaro nega as acusações e argumenta que não há "nenhuma fraude de 12 bilhões de reais," conforme a estimativa inicial da Polícia Federal.
Sobre a venda de carteiras ao BRB, a defesa afirma que as carteiras de crédito consignado foram adquiridas pelo Banco Master junto a terceiros (originadores de crédito), que seriam os responsáveis pela documentação e averbação das operações.
Os advogados sustentam que o Banco Master podia ceder as carteiras ao BRB, pois o contrato previa garantias contratuais que protegiam ambas as partes, permitindo a substituição ou recompra de carteiras não performadas e alegam que o próprio Banco Master, de boa-fé, substituiu as carteiras de terceiros com documentação fora do padrão por outras carteiras e ativos do conglomerado Master. O BRB confirmou ter liquidado ou substituído mais de R$ 10 bilhões do montante com documentação irregular, e esses valores não constituem exposição direta ao Banco Master.
A defesa argumenta que a Operação Compliance Zero e as medidas cautelares foram injustas e desnecessárias, pois inviabilizaram uma solução de mercado legítima, o anúncio da venda do Banco Master a um consórcio liderado pelo Fictor Holding Financeira, dias antes da prisão.
A prisão de Vorcaro no aeroporto de Guarulhos ocorreu após o Banco Central (BC) rejeitar a aquisição pelo BRB e, posteriormente, decretar a liquidação extrajudicial do Master, interrompendo automaticamente a negociação de compra. A defesa nega que Vorcaro estaria fugindo para a Europa, alegando que ele iria para uma reunião de negócios em Dubai.