
O fundador e dono da Ultrafarma, Aparecido Sidney de Oliveira, foi preso na manhã desta terça-feira (12) em uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que desarticulou um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais da Secretaria da Fazenda estadual. Oliveira foi detido em sua chácara localizada em Santa Isabel, na Grande São Paulo. Aos 71 anos, o empresário é um dos principais alvos da investigação que apura um esquema fraudulento relacionado à manipulação de créditos tributários em benefício de grandes empresas do varejo.
Natural de Nova Olímpia, no interior do Paraná, Sidney Oliveira fundou a Ultrafarma em 2000. A rede de farmácias se destacou como pioneira na comercialização de medicamentos genéricos e pelo forte investimento no e-commerce, atendendo atualmente mais de um milhão de clientes ativos e oferecendo mais de 15 mil produtos. Conhecida também pelo alcance na mídia, a empresa recebeu em 2007 o Prêmio Top of Mind Internet, como a primeira marca de farmácia a conquistar destaque na internet.
Operação
A operação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (GEDEC), identificou que o esquema criminoso era liderado por um auditor fiscal estadual de alto escalão da Secretaria da Fazenda, Artur Gomes da Silva Neto, que também foi preso nesta terça-feira. Ele é acusado de manipular processos administrativos para facilitar a quitação irregular de créditos tributários em favor de empresas, mediante pagamentos mensais de propina que eram repassados por meio de uma empresa registrada em nome da mãe do auditor.
Outro preso é Mario Otávio Gomes, diretor estatutário do grupo Fast Shop, encontrado em seu apartamento na Zona Norte de São Paulo. A Fast Shop, uma das maiores redes de varejo de eletrônicos no país, ainda não se manifestou sobre a prisão de seu diretor.
Além das prisões, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão em residências dos investigados, nas sedes das empresas e em outros locais ligados ao esquema. Durante as diligências, as autoridades encontraram dinheiro em espécie, moedas estrangeiras e pacotes de esmeraldas em uma das casas vistoriadas.
Pacote de esmeraldas e de dinheiro apreendidos na operação do MP — Foto: Reprodução/TV GloboSegundo o Ministério Público, o esquema movimentou cerca de R$ 1 bilhão em propinas desde 2021. A ação é fruto de meses de investigação, que incluiu análise documental, quebras de sigilo fiscal e bancário, além de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça.
Em nota, a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo informou que instaurou processo administrativo para apurar a conduta do servidor envolvido e que está colaborando integralmente com as investigações por meio da Corregedoria da Fiscalização Tributária (Corfisp). A secretaria reafirmou seu compromisso com a ética e a justiça fiscal, repudiando quaisquer práticas ilícitas e anunciando uma revisão rigorosa de processos e normativas relacionadas.
Os investigados poderão responder por crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As diligências continuam em andamento, e a Justiça acompanha os desdobramentos do caso.
Fonte: G1