É o que eu acho

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È O QUE ACHO

Qual é do Gonet

Porém, há um motivo que parece que pouca gente está visualizando.

Fernando Castilho

Terça - 03/12/2024 às 19:24



Foto: Divulgação Paulo Gonet
Paulo Gonet

Jair Bolsonaro continua livre, leve e solto para falar o que quer, inclusive atacando, desafiando e, por incrível que pareça, rogando anistia a Alexandre de Moraes, sem que o PGR Paulo Gonet se digne a pedir sua prisão preventiva.

Há quem defenda Gonet afirmando que ele tem que ser meticuloso para apresentar uma denúncia robusta, há quem o critique pela notável lentidão que pode colaborar para manter acesa a possibilidade de golpe.

Porém, há um motivo que parece que pouca gente está visualizando.

Aprendemos nos 4 anos de governo Bolsonaro e nestes 2 em que ele está fora do poder, que o ex-presidente tem extrema dificuldade com a discrição em suas falas. Mais ainda, quando provocado, invariavelmente se empolga e faz emergir facilmente seus pensamentos mais cruéis ocultos em sua mente psicopata.

Foi assim numa entrevista que concedeu na década de 1990, quando afirmou que é a favor da tortura, que a ditadura deveria ter matado 30 mil brasileiros, a começar por Fernando Henrique Cardoso. Foi assim também quando falou que a vacina iria transformar quem tomasse em jacaré e quando imitou pessoas sendo sufocadas por falta de ar.

Bolsonaro não se conteve naquele 7 de setembro de 2021 quando xingou Alexandre de Moraes de canalha e afirmou que não obedeceria mais nenhuma ordem do Supremo. “Acabou, porra”.

A Polícia Federal fez um relatório aparentemente muito robusto e consistente, porém, ainda parece haver algumas pontas soltas que precisam ser esclarecidas: quem é o Juca, por que a emboscada a Moraes foi abortada, quem seria a pessoa que se aproximaria de Lula para envenená-lo, etc.

Bolsonaro não tem fugido à sua característica de falastrão desenfreado, dando entrevistas a torto e a direito, o que já rendeu a afirmação de que nada sabia sobre o golpe, deixando Heleno, Braga Netto e os demais 36 indiciados, com a batata quente na mão. E isso não é pouca coisa em se tratando de militares de alta patente sendo traídos por um capitão.

Espera-se que proximamente um deles decida fazer delação premiada, o que deverá complicar muito a vida do falastrão.

Em meu entender, é exatamente esse o objetivo de Gonet. Se for isso, dar corda a Bolsonaro é uma estratégia inteligente.

Certamente algumas coisas devem sair disso.

Fala mais, Bolsonaro. Fala mais.

Fernando Castilho

Fernando Castilho

Arquiteto, Professor e Escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, A Sangria Estancada
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