Interessante o poder da multa de 22,9 milhões por litigância de má-fé aplicada por Alexandre de Moraes, presidente do TSE, à coligação PL, PP e Republicanos que deu apoio a Jair Bolsonaro durante as eleições.
Deputados dos três partidos, antes da multa, defendiam que a eleição teria sido fraudada, porém, somente o PL, partido do capitão, ousou entrar com pedido no TSE para anulação do segundo turno, alegando que mais de 200 urnas apresentavam indícios que comprometiam a confiabilidade do pleito. Caso o pedido fosse acatado, o presidente seria Jair Bolsonaro e não Luiz Inácio Lula da Silva.
Alexandre de Moraes recebeu a ação e trucou. Que se anulasse também os resultados do primeiro turno. E ainda deu somente 24 horas para que Valdemar Costa Neto, o dono do PL, se manifestasse.
Costa Neto, no dia seguinte, numa patética entrevista coletiva, com o maior cinismo, disse que ele pleiteava somente a anulação do segundo turno, porque a anulação também do primeiro turno seria uma operação muito complexa, etc. e tal.
Na verdade, os 99 deputados eleitos pelo PL, ameaçados de perder a boquinha, pediriam a cabeça de Valdemar, mas ele não pode falar isso. Faltou aos repórteres aquela coragem e ousadia que muitos colunistas têm quando escrevem solitários em suas salas com ar-condicionado.
Moraes, ato contínuo, aplicou a salgada multa. E não faltou nem o número 22, o número de Bolsonaro.
O resultado é que o PP e o Republicanos já entraram com recurso no TSE, para que o órgão os inclua fora disso.
E mais, agora adotam o discurso de que reconhecem o resultado das urnas.
O deputado e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros do PP, é um dos que ficou apavorado em ter que pagar a parcela da multa que cabe a seu partido, embora tenha afirmado que o PL tem o direito de protestar contra o resultado da eleição. "Acho que eles têm o direito de contestar a eleição. E tem que contestar resoluções do Alexandre de Moraes que influenciaram no resultado das eleições".
É como aquele cachorrinho que, para agradar o tutor, rola no chão, mas rosna ao mesmo tempo.
Pra esse pessoal do centrão, o dinheiro é sempre o que fala mais alto.
Sem o PP e o Republicanos, o PL arcará com o valor total da multa, cerca de 46% de seu fundo partidário!
Se tiver que pagar (e vai ter porque sua conta bancária foi bloqueada), embora dinheiro seja o que não falta pra esse pessoal, pode não haver dinheiro para a tal mansão prometida a Bolsonaro.
Valdemar pedirá perdão a Moraes reconhecendo o resultado das urnas?
A ver.