Saúde

ENTREVISTA

Uso de remédios para emagrecer e ansiedade podem agravar casos de bruxismo

Carine Borges, dentista e especialista em DTM, foi entrevistada no PodCast do Portal Piauí Hoje e falou sobre o tema

Da Redação

Terça - 19/08/2025 às 16:01



Foto: Piauí Hoje Especialista em disfunção temporomandibular (DTM), Carine Borges foi entrevistada pela jornalista Malu Barreto, no PodCast Piauí Hoje
Especialista em disfunção temporomandibular (DTM), Carine Borges foi entrevistada pela jornalista Malu Barreto, no PodCast Piauí Hoje

O bruxismo, hábito de apertar ou ranger os dentes de forma involuntária, afeta cada vez mais pessoas e, em muitos casos, passa despercebido. O assunto foi o tema do Podcast Piauí Hoje, quando a jornalista Malu Barreto entrevistou a dentista Carine Borges, especialista em disfunção temporomandibular (DTM).

“O bruxismo é uma atividade exacerbada da musculatura da face, principalmente do músculo mastigatório, que provoca incômodos e distúrbios. O paciente muitas vezes sente dor de cabeça, fadiga na mandíbula, dor no pescoço e até zumbido no ouvido, mas não associa ao bruxismo”.

Ela destaca que o problema não está ligado apenas ao estresse. “Hoje a gente sabe que pode ter relação com várias condições sistêmicas, como refluxo, gastrite, distúrbios do sono e também com uso de certas medicações. Estudos recentes mostram que remédios para controle de ansiedade e TDAH, como Venvanse e Ritalina, e até medicamentos para emagrecimento, podem aumentar a atividade muscular e piorar o bruxismo”, afirma.

Segundo Carine, é comum que pacientes se automediquem ou associem diferentes remédios sem acompanhamento médico, potencializando o problema. “Às vezes, a pessoa não volta ao médico para relatar os sintomas, e o uso prolongado ou em dose errada pode acelerar essa atividade muscular.”

O bruxismo pode ocorrer durante o dia ou à noite. “No bruxismo do sono, muitas vezes quem percebe é o parceiro, por conta do ranger dos dentes. Mas acordar com dor de cabeça ou dor na face não é normal”, alerta a especialista, lembrando que crianças também podem apresentar o quadro. “Hoje a gente vê muito em crianças com hábitos parafuncionais, ansiedade e problemas respiratórios.

O diagnóstico deve ser feito por dentista especializado, mas o tratamento é multiprofissional, envolvendo, conforme o caso, ortodontistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e médicos. “Cada paciente é um caso, e nem sempre o que serve para um vai servir para o outro. Temos placas para bruxismo, placas para ronco e apneia, aparelhos para crianças, exercícios.Tudo depende da origem do problema”, diz.

Carine também faz um alerta sobre soluções rápidas. “O botox tem indicação em casos muito específicos, mas não resolve a causa central na maioria das vezes. E pode até trazer efeitos colaterais, como enfraquecer a musculatura e causar problemas na articulação. Sempre que possível, o ideal é começar pelo tratamento mais conservador.”

Para a dentista, a pandemia aumentou os casos. “As pessoas dormiam mal, se alimentavam mal, estavam mais ansiosas e com a vida virada de cabeça para baixo. Isso afetou diretamente a qualidade de vida e fez muita gente desenvolver ou agravar o bruxismo. Sem tratamento, ele pode evoluir, causar mais dor e até desgaste nos dentes”, esclarece.

Assista à entrevista completa:


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