
A partir deste mês, a ressonância magnética de mamas passa a ser oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como recurso complementar para o rastreamento do câncer de mama.
A medida foi estabelecida pela Portaria SAES/MS nº 2.632, publicada no Diário Oficial da União, e tem como foco principal beneficiar mulheres com risco elevado para a doença. Entre os grupos prioritários estão pacientes com lesões com risco aumentado de câncer, mulheres que passaram por biópsias e aquelas com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.
De acordo com a mastologista Rosemar Rahal, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a ressonância magnética tem papel crucial no diagnóstico precoce da doença, principalmente para mulheres com histórico familiar ou com mutações genéticas. “Para entender a importância do acesso à ressonância magnética no SUS como recurso para detecção precoce da doença, temos uma estatística importante: 20% das brasileiras diagnosticadas têm câncer de mama herdado, originado de mutação genética”, afirmou a especialista.
A ressonância magnética é uma técnica avançada de imagem que permite visualizar detalhadamente as estruturas das mamas e axilas. O exame foi introduzido no diagnóstico de câncer de mama em 1986 e, desde então, tem mostrado grandes resultados na investigação da doença.
A SBM enumera as principais indicações para o uso da ressonância, como o rastreamento em mulheres com alto risco, avaliação de alterações mamárias quando mamografia e ultrassom são inconclusivos, além de ser essencial para a avaliação de extensão tumoral, especialmente no carcinoma lobular invasivo.
A mastologista Annamaria Massahud Rodrigues dos Santos, secretária-adjunta da SBM, reforçou a importância do exame: “Atualmente, a literatura médica considera como principais indicações de uso, além do rastreamento para mulheres com alto risco de câncer, a avaliação diagnóstica no esclarecimento de alterações mamárias em que mamografia e ultrassom são inconclusivos, na avaliação de extensão tumoral (especialmente no carcinoma lobular invasivo), suspeita de recorrência, detecção de carcinoma oculto e avaliação de implantes mamários com suspeita de complicações.”
Para Rosemar Rahal, a disponibilidade de exames complementares no SUS, como a ressonância magnética, tem um impacto fundamental na detecção precoce e na sobrevida das mulheres no Brasil. “Hoje, além das cirurgias profiláticas, existem medicamentos específicos para as mulheres com câncer de mama e portadores desta predisposição genética”, destacou Rahal, que vê a medida como um avanço significativo no combate ao câncer de mama no país.
A inclusão da ressonância magnética no SUS também atende à demanda de mulheres com histórico de radioterapia de tórax entre 10 e 30 anos, ampliando as opções de diagnóstico para um público com maior risco.