
As chamadas canetas emagrecedoras viraram febre e chegaram recentemente às farmácias brasileiras, prometendo emagrecimento rápido e significativo. Mas o que são esses medicamentos e por que exigem tanto cuidado? Em entrevista ao Podcast Piauí Hoje, apresentado pela jornalista Malu Barreto, o endocrinologista Dr. André Gonçalves explicou como funcionam essas substâncias, originalmente desenvolvidas para o tratamento do diabetes tipo 2 e que ganharam visibilidade por seu forte efeito na perda de peso.
Segundo o médico, as canetas atuam no organismo por três mecanismos principais:
“Reduzem o apetite ao atuarem no cérebro, melhoram a produção de insulina por meio de hormônios intestinais e retardam o esvaziamento do estômago, proporcionando maior saciedade. Com isso, o paciente sente menos fome e consegue perder peso de forma significativa e relativamente segura, quando bem acompanhado”, afirmou.
Entre os medicamentos mais conhecidos estão a semaglutida (Ozempic) e a tirzepatida (Mounjaro), que vêm apresentando resultados expressivos. Em alguns casos, os pacientes que tomam o Monjauro, chegam a perder até 25% do peso corporal. No entanto, o alerta é claro:
“Esse tratamento não é mágica. Ele precisa estar associado a mudanças reais no estilo de vida. Caso contrário, todo o peso pode voltar”, reforça o especialista.
Riscos e contraindicações
O uso indiscriminado pode trazer riscos à saúde. Efeitos colaterais como náuseas e vômitos são comuns, especialmente em pessoas que mantêm dietas ricas em gordura. Além disso, pacientes com histórico de pancreatite ou problemas na vesícula biliar devem evitar o uso, pois as variações bruscas de peso podem agravar esses quadros.
Outro ponto preocupante é a comercialização ilegal desses medicamentos. Apesar de a venda exigir receita médica desde julho, ainda há registros de produtos sendo vendidos sem prescrição, inclusive versões falsificadas.
“Tem farmácia importando substância da Índia, da China, sem garantia nenhuma sobre o que realmente está sendo vendido. Isso é muito perigoso”, alertou o endocrinologista.
Tratamento eficaz, mas ainda caro
O tratamento, embora promissor, ainda tem um custo elevado. O valor mensal das injeções varia entre R$ 1.000 e R$ 1.400. A expectativa é que, com a entrada de novos medicamentos no mercado e a queda de patentes das fórmulas mais antigas, os preços se tornem mais acessíveis.
Por fim, o Dr. André Gonçalves reforça que essas medicações representam um avanço importante no combate à obesidade, mas não são solução mágica:
“É uma revolução nos tratamentos, mas que só funciona de verdade quando aliada à mudança de comportamento e ao acompanhamento profissional".
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