Um vídeo gravado em um lava-rápido de posto de combustíveis nos Estados Unidos, viralizou nas redes sociais do deputado estadual Paulo Mansur (PL-SP). Nele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aparece limpando o próprio carro. A peça de propaganda, claramente orquestrada, tem um objetivo central: tentar projetar para o público brasileiro a imagem de que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro vive uma vida comum, sem mordomias, no exílio autoimposto.
A narrativa da simplicidade, no entanto, desaba ante os fatos conhecidos sobre a estadia de Eduardo Bolsonaro em Washington, D.C. Desde que abandonou seu gabinete e se licenciou do mandato em março de 2025, o parlamentar reside em uma mansão, ostenta veículo de luxo e mantém um alto padrão de vida, sustentado por recursos da família. O vídeo do lava-jato é uma encenação que tenta construir simpatia e blindar sua real atuação nos Estados Unidos.
Por trás do cenário montado do cidadão comum, Eduardo Bolsonaro desenvolve uma agenda política com um objetivo declarado: buscar apoio do governo de Donald Trump e de aliados republicanos para interferir em assuntos internos brasileiros. O deputado atua em duas frentes: pressionar pela anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 e incentivar a adoção de sanções internacionais contra o Brasil, contra o governo Lula e contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Enquanto encena uma vida simples, Eduardo Bolsonaro está, na prática, abandonando seu mandato eletivo. A Câmara dos Deputados avalia um pedido de cassação contra ele, e sua licença é vista como uma manobra para tentar evitar a perda dos direitos políticos, cenário que pode levar a uma possível renúncia, seguindo o roteiro da ex-deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo STF e presa na Itália após fugir do Brasil.
A fuga para os Estados Unidos ocorre no contexto de múltiplos processos no STF que responde, que envolvem sua participação alegada no planejamento de um golpe de estado contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado alega temer ser preso ao retornar, criando uma retórica de perseguição. No entanto, as investigações seguem o curso legal democrático, e o próprio ministro Alexandre de Moraes recentemente arquivou um pedido de retenção de seu passaporte.
"A encenação do vídeo no lava-rápido é apenas mais uma cortina de fumaça para uma operação política de risco: um parlamentar brasileiro, licenciado e sob investigação, tentando mobilizar uma potência estrangeira contra as instituições de seu próprio país, enquanto tenta vender à opinião pública uma imagem de simplicidade que sua realidade desmente", diz um deputado paulista que conhece bem Eduardo Bolsonaro.
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