O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja dar início à aguardada reforma ministerial já nas próximas semanas, começando pelas pastas atualmente comandadas por integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT). As mudanças no primeiro escalão do governo estão sendo interpretadas como uma reação às críticas feitas pelo próprio presidente à comunicação de sua gestão.
De acordo com informações divulgadas pela Folha de S.Paulo, a reforma ministerial está condicionada à definição do calendário de sucessão dentro do PT. O momento pode ser aproveitado por Lula para reorganizar os ministérios, com o objetivo de fortalecer a articulação política e melhorar a comunicação com a sociedade.
Entre as alterações mais aguardadas está a possível troca no comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom). O atual ministro, Paulo Pimenta, pode ser remanejado para a Secretaria-Geral da Presidência, enquanto Sidônio Palmeira, publicitário e coordenador da campanha presidencial de Lula, é o principal cotado para assumir a Secom.
Durante um seminário do PT em Brasília, nesta sexta-feira (6), Lula reconheceu que a comunicação do governo precisa de ajustes. "Há um erro do governo na questão da comunicação. Sou obrigado a fazer as correções necessárias", afirmou. O presidente também admitiu que ele próprio precisa se engajar mais na interlocução com a imprensa. "O [secretário de Audiovisual, Ricardo] Stuckert costuma dizer 'presidente, o senhor é o maior comunicador do nosso partido, o senhor tem que falar mais'. E a verdade é que eu não tenho organizado as entrevistas coletivas."
Aliados de Pimenta consideraram as críticas de Lula como um recado direto e interpretaram a fala como uma possível "demissão pública". No entanto, o ministro ainda conta com a confiança do presidente e pode migrar para outra função no governo.
Outro nome em discussão para a reforma ministerial é o da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, cotada para substituir Wellington Dias no comando do Ministério do Desenvolvimento Social. A possível mudança, porém, está condicionada à decisão de Gleisi em antecipar o fim de seu mandato na liderança do partido, que vai até julho de 2025. Caso ela aceite o ministério, será necessário agilizar a sucessão no comando do PT.
Na área de articulação política, atualmente liderada por Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, avalia-se a possibilidade de ceder o cargo a um representante do Centrão, em busca de maior sintonia com o Congresso Nacional. Entre os nomes ventilados para assumir a função está Silvio Costa Filho (Republicanos), atual ministro de Portos e Aeroportos.
A possível indicação de Sidônio Palmeira para a Secom é vista como estratégica, especialmente após seu papel na elaboração do pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o pacote de contenção de gastos. Sidônio também é reconhecido por defender a inclusão de propostas como a taxação de super-ricos, fortalecendo a comunicação de medidas alinhadas ao combate às desigualdades. Procurado pela reportagem, Sidônio negou ter recebido convite oficial para assumir a Secom.
Fonte: Brasil 247