Política

CRISE

​​PL vive turbulência com bandeira pró-Trump na Câmara e crise com tarifas dos EUA

Parlamentares do partido protestaram com símbolo de campanha do republicano, enquanto Eduardo Bolsonaro irrita a cúpula ao intensificar ataques ao STF e apoiar tarifa contra o BrasiL

Da Redação

Quarta - 23/07/2025 às 11:27



Foto: MATEUS BONOMI/AGIF Deputados do PL exibem bandeira de Trump e ampliam crise interna após tarifa dos EUA contra o Brasil
Deputados do PL exibem bandeira de Trump e ampliam crise interna após tarifa dos EUA contra o Brasil

Deputados do PL criaram um mal-estar interno nessa terça-feira (22), ao erguerem no Congresso Nacional uma bandeira de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com os dizeres “Make America Great Again”. O gesto ocorreu durante um protesto contra a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que suspendeu reuniões de comissões organizadas por aliados de Jair Bolsonaro.

A ação, porém, foi mal recebida pela cúpula do partido, que tenta evitar o desgaste provocado pelo tarifaço anunciado por Trump contra produtos brasileiros, que entra em vigor no dia 1º de agosto.

Tarifas de Trump x PL

Segundo lideranças do PL, o uso do símbolo de campanha de Trump desviou o foco do protesto, que originalmente visava criticar o presidente da Câmara. Setores mais pragmáticos da legenda consideraram a exibição da bandeira inoportuna, sobretudo num momento em que o partido busca uma saída política para a crise provocada pela nova taxação imposta pelos Estados Unidos.

Deputados como Sargento Fahur (PSD-PR) e Delegado Caveira (PL-PA) foram orientados a não repetirem o gesto em grupo, sendo alertados de que manifestações individuais seriam mais adequadas.

O episódio ocorre em meio a um momento crítico para a direita brasileira, especialmente após a decisão de Donald Trump de aplicar tarifas de 50% sobre produtos do Brasil. A medida é vista como um revés para os setores bolsonaristas, que têm relação próxima com o presidente norte-americano. 

A preocupação no PL é que a associação direta com Trump acabe prejudicando o desempenho do partido nas eleições de 2026, ao vincular sua imagem a uma política externa que fere interesses comerciais brasileiros.

Eduardo Bolsonaro

Além da tensão causada pelo ato no Congresso, outro fator que tem gerado desconforto interno é a atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo tem sido apontado por lideranças da legenda como um dos responsáveis pela crise atual. Ele tem reforçado publicamente seu apoio à medida anunciada por Trump e defendido a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Essa legislação norte-americana permite sanções a pessoas acusadas de corrupção ou violações graves de direitos humanos.

De acordo com integrantes do partido, Eduardo é considerado “incontrolável”, não ouve as orientações da cúpula e, ao contrário do que foi solicitado, ainda não deixou claro em suas falas que não pediu as tarifas ao governo dos Estados Unidos. A legenda esperava que ele também cessasse os ataques ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL), considerado um dos nomes fortes da direita para 2026. 

Os embates entre Eduardo e Tarcísio vinham desgastando a imagem de unidade do partido, e só foram interrompidos após conselhos do próprio Jair Bolsonaro.

Eduardo, no entanto, não sinaliza intenção de recuar. Pelo contrário, ele tem intensificado sua retórica contra o Supremo Tribunal Federal e se mostrado disposto a escalar o confronto com as instituições brasileiras. Internamente, líderes do PL temem que essa postura leve a um enfraquecimento ainda maior da legenda, num momento em que a esquerda, sob o governo Lula, tem aproveitado o episódio do tarifaço para reforçar seu discurso nacionalista e criticar a dependência da direita brasileira em relação à política externa de Trump.

Novas estratégias

A imposição das tarifas norte-americanas já provocou reações do Palácio do Planalto, que anunciou que acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC) e estuda medidas de retaliação. O presidente Lula classificou a decisão de Trump como “chantagem” e afirmou que o Brasil não aceitará interferência externa motivada por disputas políticas internas.

Enquanto isso, o PL tenta reorganizar sua estratégia diante do desgaste político gerado pela ofensiva dos Estados Unidos e das divergências internas. A legenda busca preservar sua base eleitoral e manter a viabilidade de seus principais nomes para a disputa presidencial de 2026. 

Nos bastidores, a avaliação é que será necessário conter gestos como o da bandeira pró-Trump e evitar confrontos desnecessários que reforcem a imagem de desorganização e submissão a interesses estrangeiros.

Fonte: G1

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